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quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Comentários da Porção "No Princípio" - Parashat Ber'eshit - Ber'eshit 1:1- 6:8 - Parte 2

No Princípio
Gênesis 1:1 - 6:8 

Vamos analisar uma das traduções possíveis aos primeiros versos da Torah (Pentateuco): 
Ber'eshit (Gênesis) 1:1-2:
“Quando Elohim começou a criar os céus e a terra, esta era/estava sem conformação e inóspita, e a escuridão estava presente diante das profundas fontes aquáticas, e o sopro/imanação/espírito de Elohim pairava acima diante das águas.”
Ao termos tal tradução que é possível e plausível podemos pontuar a criação relatada como o centro da ação divina e não como uma poeira cósmica perdida na imensidão do hipotético universo Newtoniano-Eisteiniano, onde somos apenas um planeta entre "nove ou oito" de um sistema solar, que é um em milhares dentro da via láctea quem é uma em milhões de outras galáxias no universo que é um entre diversos, em um hipotético multi-verso da loucura ligado por buracos de minhoca, ou vórtices quânticos. 

Mas voltemos à análise textual da criação central do relato de Gênesis:
A terra ao começar ser criada por Elohim se encontrava num estado de תֹהוּ "tohu" ou seja sem conformação, sem definição de forma podendo estar conforme a figura abaixo em níveis liquefeitos da matéria pela alta temperatura dos elementos, ou ainda em um estado de caos à níveis atômicos quânticos ou moleculares químicos, consequentemente ainda sem adequação de bioma e é neste sentido que ela é chamada de בֹהוּ "bohu" ou seja inóspita, sem condições de vida e portanto vazia.

תֹהוּ וָבֹהוּ = Torú VaBohú
Neste quadro de imensa agitação, convulsão dos elementos é apresentada a condição de חֹשֶׁךְ "Choshech" ou seja escuridão, termo usado em Êxodo 10:21-22 para indicar não apenas uma ausência de luz e sim um matéria palpável que enegrecia a vista, onde podemos conjecturar ser algo próximo a uma camada expeça de alcatrão betuminoso resultante das altas temperaturas que sublima elementos sólidos para gasosos, juntando tal situação aos detritos e sedimentos em dispersão na atmosfera que em ligação a gases e elementos pesados formavam uma densa cortina palpável que bloquearia qualquer tipo de iluminação cósmica diante da superfície das águas das profundezas.
Parafraseando o texto podemos dizer: O Criador ao começar a definir a massa gasosa atmosférica e a massa sólida da terra, e a mesma se encontrando ainda em temperaturas elevadíssimas de sua superfície com alguns dos elementos liquefeitos sem estabilidade e desformes, e com uma camada palpável de "escuridão", é neste instante que a “emanação energética divina” (Ruach Elohim), começa a colocar ordem nas coisas, o sopro divino que dá vida e energia motriz se utiliza das águas para resfriar a superfície terrestre, neste processo os vapores dissipam os elementos pesados da atmosfera, gerando equilíbrio e ordem onde havia caos, propiciando portanto um ambiente menos hostil e inóspito para a vida.

Na escuridão das fontes mais profundas das águas
o poder que gera vida começou a se mover.

Até aqui tivemos a "relva" do entendimento, ou seja o nível Peshat de interpretação que leva em consideração a literalidade e objetividade da informação do texto. 

Poderíamos acrescentar agora as "dicas", ou seja o nível Remez de interpretação que nos levaria aos comparativos textuais, entendimentos alegóricos como pro exemplo os textos de Salmos, Provérbios ou Jó que poeticamente ou alegoricamente retratam a criação mas veremos aqui o texto de Jeremias 4:22-28:
"Deveras, o meu povo está louco, já não me conhece; são filhos néscios e não inteligentes; são sábios para o mal e não sabem fazer o bem.
Olhei para a terra, e ei-la sem forma e vazia; para os céus, e não tinham luz.
Olhei para os montes, e eis que tremiam, e todos os outeiros estremeciam.
Olhei, e eis que não havia homem nenhum, e todas as aves dos céus haviam fugido.
Olhei ainda, e eis que a terra fértil era um deserto, e todas as suas cidades estavam derribadas diante do Senhor, diante do furor da sua ira. Pois assim diz o Senhor: Toda a terra será assolada; porém não a consumirei de todo. Por isso, a terra pranteará, e os céus acima se enegrecerão; porque falei, resolvi e não me arrependo, nem me retrato."
Tal texto se utiliza da linguagem da criação como "dica"para demonstrar a desolação de Israel, ao ter se afastado de D-us e suas orientações, se tornando em terra seca, um deserto sem forma e vazia, sem luz.

A Haftará ( Textos dos Profetas ou escritos) neste caso em Isaías 42:5 - 43:10, tem o mesmo sentido comparativo de Jeremias mas com o todo da porção de Ber'eshit, e assim vai além da "dica" ( Nível Remez) e começa a introduzir o "estudo comparativo" ou seja, o nível Drash de entendimento quando partimos da comparação textual para chegarmos à "Moral" da história, e assim retornamos ao texto inicial com um sentido mais profundo, complexo e pertinente, senão vejamos:
Ber'eshit 1:2 " A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de D-us pairava por sobre as águas."
A terra ou o pó da terra pode ser identificado com o homem (Gn. 3:19 e Sl. 103:14), que em seu estado natural pós queda, por estar imerso em paixões, instintos e pecado está destituído da Glória de D-us (Rm. 3:23), e portanto combalido sem conformação, sem forma, necessitando preencher o vazio ou o estado inóspito de sua alma, que neste estágio se encontra nas mais profundas trevas, e tal situação só ganha conformidade, organização e acalento pelas águas da Palavra, que ao ser ouvida produz fé (Rm. 10:17), fé esta que é ação do convencimento trazido pelo mover do Espírito de D-us, ou seja, um presente, um dom de D-us (Ef. 2:8).

E por fim podemos conjecturar seja por "iluminação mística", ação da Ruach ou seja lá o que se alegue para se chegar a tais "revelações", que tal texto pode trazer o segredo, "sód" do fim dos tempos, onde a terra será arrasada com seus elementos abrasados (2 Pd. 3:12) pela Ira de D-us, que pelas trevas do mal no coração dos rebeldes que forma o reino da besta que se levanta do abismo (Ap. 17:8), trará a ação do seu Espírito nas duas testemunhas finais (Ap. 11:3-7) que serão dois povos, um mar, muitas águas de pessoas para que elas tragam através de seus testemunhos e profecias o som das trombetas e o derramar dos cálices de D-us sobre o mal, e assim adentrarmos no reino messiânico já não mais em caos mas sim em retidão e justiça ou seja com tudo preenchido e não vazio, conformado e adequado e não mais sem forma.    


Por Metushelach Cohen
Informações baseadas nos diversos Midrashim de nossos sábios e algumas citações diretas dos comentários da Torá-Lei de Moisés da Editora Sêfer - Jairo Fridlin - 2001 e da Torá Viva da Editora Maayanot - Rav Aryeh Kaplan - 2013.

Nota: Os apóstrofos ( ' ) utilizados nas transliterações dos termos hebraicos servem para indicar que a próxima letra é gutural como nos casos das letras alef e aiyn, portanto a pronúncia terá que guturalizar as vogais, ou seja formar o som da vogal no fundo da garganta.

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