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quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Comentários da Porção "No Princípio" - Parashat Ber'eshit - Ber'eshit 1:1- 6:8 - 1º DIA

No Princípio
Gênesis 1:1 - 6:8 

Antes de prosseguirmos, gostaria de compartilhar um comentário ainda do verso 2 feito por Sa'adiah ben Yosef Gaon em seu Tafsir Rasag em meados do século décimo da era comum; Tafsir Rasag é conhecido como o Targum árabe, ou seja, um parafraseamento da Torah para a língua árabe que carrega em si a interpretação e exegese de seu autor.
Tafsir Rasag, Ber'eshit 1:2: "E a Terra estava profundamente submersa, e havia trevas na superfície das profundezas, e o vento de Allah soprava na superfície da água."  

Com o entendimento dado pelo Tafsir Rasag, visualizamos a imagem acima, demonstrando algo como uma porção de terra, espécie de placa continental única, "talvez a dita Pangeia", submersa nas profundezas das águas primitivas que existem desde sempre provenientes quem sabe do terceiro céus (O trono de D-us), e tal porção já ligada a uma base por colunas como podemos ver em 1 Sm 2:9, Jó 38:4, Sl. 93:1 e 104:5, e todo este conjunto em densa escuridão, mas D-us de seu Trono emana seu sopro, seu espírito, a Ruach para promover a adequação do sistema para que haja vida, e como sabemos a vida é sobrada, ou seja, ar, oxigênio estão sendo planejados para adentrar este sistema para propiciar vida.

Deste ponto para frente inciaremos a descrição dos elementos elencados a cada um dos sete dias da criação. Aproveitamos para recuperarmos a questão feita no inicio destas abordagens de Gênesis, que questiona se seria mesmo preciso levar sete dias para que D-us criasse tudo ou em milésimos tudo viesse a existir, e como já alegamos acreditamos sim na literalidade da narrativa em seus detalhes e entendemos que estes sete dias criptografam o desenrolar da história humana sobre a terra, do principio ao fim no decorrer de sete milênios, e "dicas" são dadas para este entendimento nos Salmos 90 e na segunda epístola de Pedro como podemos ver abaixo:
2 Pedro 3:1-9 "Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar com lembranças a vossa mente esclarecida, para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos, tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de D-us, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios. Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.
O contexto da passagem é alertar que não há demora em D-us cumprir as suas promessas e sim longanimidade para que todos alcancem arrependimento, dai vem as "dicas" sobre o princípio da criação e os dias como milênios, podemos até elucubrarmos que a promessa Divina de que Adam morreria no dia em que comesse de fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal se dá dentro deste entendimento, pois Adam morreu com 930 anos ou seja dentro do primeiro milênio que para D-us segundo o alerta de Pedro foi como um dia. 


Portanto a partir deste entendimento começaremos a analisar os dias da criação.

Ber'eshit - Gênesis 1:3-5: "Disse D-us: Haja luz; e houve luz. E viu D-us que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas. Chamou D-us à luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia."

No aspecto literal podemos alegar que está luminosidade poderia ser as primeiras vibrações de ondas do espectro luminoso que percorre do ultra-violeta ao infra-vermelho, mas podemos ser menos científicos e nos restringir ao que a Palavra nos ilumina e irmos ao fim para entender o começo, senão vejamos: Apocalipse 21:23 "A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de D-us a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada."

Portanto se no fim na cidade santa não necessitará de sol pois haverá outra fonte de luz que provém da Glória de D-us, podemos entender que tal fonte de luz inicial também provinha do Trono de D-us, postado no alegado terceiro céu, que de alguma forma se aproximou dos elementos criados gerando a luminescência necessária para a distinção de cada coisa, além da partição do tempo em tarde e manhã.

Agora partindo para a criptografia onde o primeiro dia da criação demonstra o primeiro milênio do homem, sendo Adam a luz da criação, segundo à imagem e semelhança de seu Criador.
Efésios 5:8-13 "Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (porque o fruto da luz está em toda bondade, e justiça, e verdade), aprovando o que é agradável ao Senhor. E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto, até dizê-lo é torpe. Mas todas essas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta."
Lucas 11:33-36 "— Ninguém, depois de acender uma lamparina, a coloca em lugar escondido, nem debaixo de um cesto, mas num lugar em que ilumina bem, a fim de que os que entram vejam a luz.
Os olhos são a lâmpada do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz; mas, se forem maus, o seu corpo ficará em trevas.
Portanto, tenha cuidado para que a luz que está em você não sejam trevas.
Pois, se todo o seu corpo for luminoso, sem ter qualquer parte em trevas, será todo resplandecente como a lamparina quando ilumina você em plena luz."

Com estes versos e várias outras passagens podemos ver que a condição do homem após a regeneração apregoada pelo evangelho volta a ser como a de Adam antes da queda, ou seja a de ser luz, filhos da luz, participantes e comunicantes da luz que em suma é a Palavra de D-us manifesta em cada ser regenerado que volta a estar em obediência ao Pai, pois assim como Adam ao respeitar toda a instrução (Torah) de D-us, ele manifestava à toda criação a imagem e semelhança de seu Criador, não atoa que David em seus Salmos e Shlomo em seus Provérbios aludem a instrução (Torah) como sendo lâmpada e luz para não deixar os pés vacilarem em meio as trevas.
Provérbios 6:20-23:"Filho meu, guarda o mandamento de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe; ata-os perpetuamente ao teu coração, pendura-os ao pescoço. Quando caminhares, isso te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, falará contigo. Porque o mandamento é lâmpada, e a instrução, luz; e as repreensões da disciplina são o caminho da vida;"
Salmos 119:105 "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos."
Pedro em uma de suas cartas falando da Palavra que traz o conhecimento de Yeshua como Senhor e Salvador, o Messias aguardado, alega que tal revelação amparada na palavra dos profetas traz segurança, agindo como luz que vai iluminando a cada vida regenerada até que a plenitude desta iluminação seja alcançada no íntimo, ou seja, no coração de cada indivíduo e assim dissipando toda as trevas.
2 Pedro 1:19 "Assim, temos ainda mais segura a palavra dos profetas, e vocês fazem bem em dar atenção a ela, como a uma luz que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça no coração de vocês."
As ligações que temos pretendido criar até então é que o homem em obediência ao Criador é luz, pois reflete, comunica a essência (imagem e semelhança) do Criador, portanto o "Haja Luz" representa a criação do homem em perfeição, e mais tarde no intuito de fazer separação entre esta luz e as trevas das concupiscências dos olhos, da carne e soberba da vida é que D-us dá instruções, a primeira se referindo ao conhecimento do bem e do mal que se buscado por motivação errada, ego, soberba e orgulho traz apenas as trevas, ao ponto da luz que envolvia o homem e inibia a percepção de nudez se dissipar e o homem se esconder de seu Criador por vergonha.
No momento da queda D-us já faz a promessa de redenção onde o descendente da mulher (Luz) pisaria a cabeça da descendência da serpente (Trevas), Caim representando a descendência da serpente é advertido por D-us para dominar o seu desejo que já às portas para ser executado,  novamente a instrução de D-us serve como luz para dissipar as trevas, mas concretizando assim o pecado a descendência da mulher representado por Abel é morta e Caim sai da presença do Senhor indo para Node ao oriente do Èden, ou seja, as trevas se apartam da luz mais uma vez. Nos tempo de Enosh filho de Set (representantes da luz, descendência da mulher) o nome do Senhor volta a ser invocado, e logo aparecem os ditos Benei elohim (trevas) que forçam as mulheres (luz) e as corrompem, dando origem aos homens de renome da antiguidade os ditos "nefelim" os "caídos moralmente" e as trevas começam dominar a terra de tal maneira que não há outra alternativa senão um recomeço, mas sendo D-us justo, os representantes da luz como Metushelach (Matusalem), Chanoch (Enoque) e o próprio Noach (Noé) são levantados para pregarem por um período de tempo trazendo a instrução divina (luz) para admoestar e convencer os ímpios de seus maus caminhos, como podemos verificar na epístola de Judas.

Judas 1:14-15  "Foi a respeito deles que também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: “Eis que o Senhor vem com milhares de seus santos, para exercer juízo contra todos e para convencer todos os ímpios a respeito de todas as obras ímpias que praticaram e a respeito de todas as palavras insolentes que ímpios pecadores proferiram contra ele.”"

Concluímos portanto a nossa abordagem correlacionando o primeiro dia da criação com o primeiro milênio do homem, período que compreende a vida de Adam, onde nasceram nove gerações, ou seja de Adam até Lamek pai de Noach, período que demonstra a luz sendo criada na figura do homem a imagem e semelhança do Criador, que por meio da Palavra que é a verdadeira Luz gera a distinção entre luz e trevas, onde o homem é sempre alertado e instruído de como manter a luz da intimidade, fidelidade e obediência ao Criador para que não sucumba às trevas de seus próprios desejos, paixões e instintos que o levará a concretização de seus intentos dando forma ao pecado que o condena a se apartar da luz do Criador.


E é neste contexto de sucumbir aos desejos e se tornar escravo do pecado que ligamos tal período de forma alegórica ao cerne da festa de Pessach, pois lembramos assim do contexto que levou ao Egito o povo de Israel que era família daquele que tudo podia governar no reino, estando apenas abaixo do que se assenta no trono, Yossef assim como Adam recebe total autoridade para dominar, e por um período tudo em suas mãos prospera, mas com o tempo, o orgulho, soberba e inveja dos filhos das trevas tomam forma e a situação de autoridade e domínio se altera e a humanidade na figura de Adam assim como os filhos de Israel se tornam escravos e tudo parece perdido vem a promessa de redenção seja pela Arca, seja por Moshe o libertador, e assim do domínio à escravidão e da escravidão à redenção é que traçamos os paralelos do primeiro dia da criação com o primeiro milênio da humanidade e a primeira festa do Senhor.


Por Metushelach.

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