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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Comentários da Porção "No Princípio" - Parashat Ber'eshit - Ber'eshit 1:1- 6:8 - 2º DIA

No Princípio
Gênesis 1:1 - 6:8

Ber'eshit - Gênesis 1:6-8: "E disse D-us: Haja firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas. Fez, pois, D-us o firmamento e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez. E chamou D-us ao firmamento Céus. Houve tarde e manhã, o segundo dia.

Neste versos temos a criação do firmamento e a divisão das águas, mas vamos nos ater neste momento a entender melhor o termo firmamento que no hebraico está  רָקִיעַ "Raki'a" significando algo expandido, estendido, derivando de רָקַע "rak'a" que significa martelar, bater e espalhar na força conforme vemos o termo sendo usado nas seguintes passagens: Êxodo 39:3 "E bateu o ouro em finas placas das quais cortaram fios de ouro para serem bordados no linho fino com os fios de tecido azul, roxo e vermelho, obra artesanal." e em Números 16:39 "O sacerdote Eleazar recolheu os incensários de bronze usados pelos homens que morreram queimados e bateu o metal com um martelo, até formar uma lâmina para revestir o altar."

Pela etimologia da palavra e pela aplicabilidade dela nos contextos apresentados podemos agora compreender textos que falam dos céus como estes:
Jó 37:15...18 "Porventura, sabes tu como D-us as opera e como faz resplandecer o relâmpago da sua nuvem?...Ou estendeste com Ele o firmamento, que é sólido como espelho de metal fundido?
Jó 26:11"As colunas do céu tremem e se espantam da sua ameaça."
2 Samuel 22:8 "Então, a terra se abalou e tremeu, vacilaram também os fundamentos dos céus e se estremeceram, porque ele se indignou."
Ezequiel 1:22 "Acima das cabeças dos seres viventes estava o que parecia, um firmamento, uma abóboda, reluzente como cristal de gelo, e impressionante.
Isaías 40:22 "Ele é o que está assentado sobre a cúpula da terra, cujos moradores são como gafanhotos. É Ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar.

Lembrando do que abordamos quando falamos do verso 2, onde a Ruach se movia sobre as águas profundas num movimento de oxigenação necessária para a existência posterior de vida, agora com o sentido intrínseco do que é firmamento vemos que a Ruach "sopro" de D-us como um martelo que espalha, e expande um metal na pressão das batidas, vai retirando da terra submersa o material necessário (Quartzo)  para a expansão do Domo como que sendo martelado pelo sopro divino, como num furacão impetuoso e vai empurrando as águas de cima, gerando uma expansão aerada no meio, entre as águas de baixo e as águas de cima, e assim consolidando algo como espelho de metal fundido, uma abóboda de cristal, uma cúpula de gelo.
Salmos 33:6,7  "Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles. Ele ajunta em montão as águas do mar; e em reservatório encerra os abismos."


Agora partindo para a criptografia onde o segundo dia da criação demonstra o segundo milênio do homem sobre a terra, onde Noach (Noé) e seus filhos são figura central em meio ao contexto da condição do homem caído, longe de D-us, que se tornou em densas trevas, conforme vemos em Gênesis 6:5-6:
"O Senhor viu que a maldade das pessoas havia se multiplicado na terra e que todo desígnio do coração delas era continuamente mau. Então o Senhor ficou triste por haver feito o ser humano na terra, e isso lhe pesou no coração."
D-us com peso no coração decide destruir a sua criação pela maldade do homem e para isso se utiliza das águas que outrora o domo em sua expansão deixou nas partes superiores, e também as águas das fontes das profundezas.
Gênesis 7:11 "No ano seiscentos da vida de Noach, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram,"
Vemos então os elementos do segundo dia da criação totalmente envolvidos neste período do homem, mas o que temos que notar é que após isso houve uma segunda queda, e também por ingestão de um fruto das vinhas de Noach, gerando assim o episódio das bençãos e maldições aos filhos e neto de Noach, e é esta separação que define este período, ou seja os filhos abençoados Shem (Sem) e Yefté (Jafé) se tornando as águas superiores que pela ação da Ruach são elevados tanto em ter como em  proclamar a um D-us único, como também por terem legislações baseadas na instrução divina dada no Éden e passada pela descendência da mulher (luz) e como orvalho pelas suas ações, moral e espiritualidade trazem frescor e vida a lugares desérticos, enquanto os descendentes de Kna'an (Canaã) se tornam as águas inferiores que arrasam e destroem as conexões com o verdadeiro Criador colocando a idolatria, a lascívia, prostituição e servidão como padrões de carácter e tanto que tais povos mais tarde foram alvos de mandato de destruição do próprio D-us conforme vemos em Deuteronômio 20:16-18:
  
"— Porém, das cidades destas nações que o Senhor, seu D-us, lhes dá como herança, não deixem ninguém com vida. Pelo contrário, como o Senhor, seu D-us, ordenou, vocês devem destruí-las totalmente: os heteus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus, para que estas nações não ensinem vocês a fazer segundo todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, pois vocês estariam pecando contra o Senhor, seu D-us."


Assim podemos ver que efetivamente houve uma separação de seres elevados e os ditos vasos de desonra, e tal ciclo de separação continua, pois após o estabelecimento dos filhos de Noach para cada direção das ilhas das nações conforme Gn. 10, também podemos vislumbrar o aparecimento de Nimrod, um ser que a exemplo dos "Nefelins" começou a ser poderoso sobre a terra, e novamente as trevas tomam forma e Nimrod começa a sub-julgar o homem, o fazendo ir contra as instruções de D-us, que ordenou multiplicar, se espalhar para povoar a terra, mas o poderoso caçador diante de Senhor manifesta a ideia de se ajuntarem para construírem uma cidade elevada, espécie de palácio-torre para que se vindo novo diluvio eles não perecessem, além de arrogantemente tentarem chegar ao domo e assim fazerem seus nomes célebres, aqui é a gênese da Babilônia, a Grande Cidade a Mãe da Abominações da Terra, de onde provem "O Sistema" escravizador, que sub-julga sorrateiramente os indivíduos, formando uma teia do cotidiano urbano, o espírito da cidade, onde o tempo escorre pelos dedos pois todos estão reféns de seus afazeres laborais ou consumistas, sem tempo para apreciar a criação e portanto esquecendo pouco a pouco da existência de Um Criador.
Gênesis 11:1-9 "Em toda a terra havia apenas uma língua e uma só maneira de falar. Os homens partiram do Oriente, encontraram uma planície na terra de Sinar e habitaram ali. E disseram uns aos outros: — Venham, vamos fazer tijolos e queimá-los bem. Os tijolos lhes serviram de pedra, e o betume, de argamassa. Disseram: — Venham, vamos construir uma cidade e uma torre cujo topo chegue até os céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra. Então o Senhor desceu para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens estavam construindo. E o Senhor disse: — Eis que o povo é um, e todos têm a mesma língua. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo o que planejam fazer. Venham, vamos descer e confundir a língua que eles falam, para que um não entenda o que o outro está dizendo. Assim o Senhor os dispersou dali pela superfície da terra; e pararam de edificar a cidade.
Por isso a cidade foi chamada de Babel, porque ali o Senhor confundiu a língua de toda a terra e dali o Senhor os dispersou por toda a superfície dela."
Notemos que D-us intervêm de forma direta nos acontecimentos, promovendo mais uma separação entre os homens, os dispersando por todo a superfície da terra, logo após este acontecimento vem mais uma separação, o chamado de Avram (Abrão) que consistia de forma parafraseada em: "se separe de sua parentela e expandindo o seu caminho vá até a terra que lhe será dita"
Gênesis 12:1-3 "O Senhor disse a Avram: — Saia da sua terra, da sua parentela e da casa do seu pai e vá para a terra que lhe mostrarei." 
Partindo da criptografia que fala que águas são povos, nações e línguas (Ap. 17:15), e no segundo dia fala da separação de águas e águas, percebemos aqui portanto, desde o que já falamos, da separação de Noach e os seus filhos do resto da humanidade, que pereceu, as bençãos e maldições sobres estes filhos que separam duas linhagens, a línguas confundidas que separam os homens por toda a terra, agora temos o chamado de Avram que definitivamente separa águas e águas, ou seja, nações e nação de Israel, as águas inferiores das águas superiores.

Matsot - Pães sem fermento - a segunda festa.

A festa que condiz com o que vimos é a festa de HaMatsot ou pães sem fermento, ou asimos, que tem intrínseco primeiramente a aflição, tanto que a matsáh é chamada de Lechem Ani ou pão da aflição em (Dt. 16:3) e dentro do Sedêr de Pessach (ordem de quinze passos na cerimônia de páscoa), onde se recorda o sentimento de apreensão e pressa ao sair do Egito, onde não houve tempo para a fermentação do pão, pois logo se deu à última praga da mortandade dos primogênitos e a corrida até se chegar ante ao Mar, percurso que demorou sete dias, os israelitas somente dispunham deste pão não fermentado.
O sentimento dos homens neste segundo milênio de história, se equipara ao dos Israelitas em fuga do Egito, pois a aflição representado no pão não fermentado, indica constante e total dependência para os próximos passos, Noach deve ter ficado aflito ao se fechar a arca e começar a chuva, confiando no Senhor para os próximos passos, assim também deve ter ocorrido com os filhos de Noach ao se espalharem e povoarem a superfície da terra, 
Hebreus 11:7 "Pela fé, Noach, divinamente instruído a respeito de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a D-us, construiu uma arca para a salvação de sua família. Assim, ele condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé."
Vemos aqui outro aspecto da celebração de HaMatsot (Pães sem fermento), que é o aspecto de separação, Noach ouviu a instrução, creu e isso foi imputado por justiça, e uma vez que o homem se achega à D-us e tem a salvação lhe oferecida por meio da graça, o processo é se separar, tirar o fermento, o orgulho, a malícia e a maldade, tanto que Noach por mais de um século enquanto construía a arca, alertava ao mundo sobre a eminência do juízo divino e a necessidade de separar do mal caminho.
De mesmo modo Avraham se separou de sua cidade natal, se separou de sua parentela e por fim em aflição pelo longo caminho de sua jornada foi deixando todo o fermento do orgulho humano pelo caminho, até mesmo o filho concebido por orgulho e falta de confiança na promessa ficou para traz, e por fé até mesmo o filho da promessa, ele não teve por orgulho negar ao Senhor que dele o solicitara.

1 Coríntios 5:6-11 "O orgulho de vocês não é bom. Vocês não sabem que um pouco de fermento faz toda a massa ficar fermentada? Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como realmente são. Pois o Messias, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado. Por isso, celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da perversidade, mas com os pães sem fermento da sinceridade e da verdade. Já lhes disse por carta que vocês não devem associar-se com pessoas imorais. Com isso não me refiro aos imorais deste mundo, nem aos avarentos, aos ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse, vocês precisariam sair deste mundo. Mas agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se com qualquer que, dizendo-se irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Com tais pessoas vocês nem devem comer."

Por Metushelach Cohen


Nota: Os apóstrofos ( ' ) utilizados nas transliterações dos termos hebraicos servem para indicar que a próxima letra é gutural como nos casos das letras alef e aiyn, portanto a pronúncia terá que guturalizar as vogais, ou seja formar o som da vogal no fundo da garganta.

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