Mais algumas dúvidas que recebemos por e-mail e que respondemos em particular, mas que ora compartilhamos a todos.
1) Aquele que segue a Lei não decai da graça?
1 R.:Caro leitor preste atenção no contexto em que Paulo fala isso, e para quem ele fala, e principalmente o porquê ele fala tal frase, se você pegar tal frase e tirá-la do contexto como muitos fazem, a idéia absurda é que se alguém não idolatrar, não tomar o Nome de D-us em vão, não matar, não roubar e não mentir e não cobiçar as coisas dos outros, tal pessoa estará caindo da graça, você sinceramente concorda com isso?????
Entenda que a vontade de D-us é expressa pela palavra e a palavra Dele foi organizada em leis, estatutos, mandamentos e juízos, e se fizermos algo que não é da vontade de D-us mesmo sabendo qual é esta vontade, é obvio que o Senhor não se agradará da nossa conduta, pois não estaríamos refletindo a imagem e semelhança Dele, mas tem um porém e é disso que Paulo fala no contexto desta passagem, que é o de a pessoa se achar digna de salvação pelas obras que ela faz e mandamentos que ela obedece, e é isso que é judaizar, judaizar é dizer para um crente em Yeshua que se ele não fizer tudo direitinho como manda os rabinos tal pessoa não poderá receber a salvação, então neste entendimento não é o cumprir o mandamento que faz a pessoa cair da graça, mas sim é confiar que cumprindo os mandamentos a pessoa será digna de receber a salvação por seus próprio méritos e não pelos méritos de Yeshua na Cruz, e se tal pessoa fizer isso, o sacrifício na cruz não terá sentido para tal pessoa e então a graça que vem somente pela aceitação da Obra Redentora da Cruz não estará mais sobre ela, então ela sim cai da graça.
2) Do que você se guarda no sábado?
2R.: Não deveria ser perguntado do que eu me guardo no Shabat ou o que é proibido no Shabat, mas sim deveria se perguntar o que me é lícito no Shabat, ou o que me é aprazível e deleitoso, daí sim eu responderia que é ter um tempo de descanso das rotinas diárias da semana para com que eu possa comungar com minha família um período alegre e de regozijo no estudo e discussões sobre a Palavra de D-us, no partir do pão e no beber do cálice rememorando duas abras magníficas.
A primeira é rememorar a ação criadora de D-us, que em seis dias criou tudo o que existe e ter um regozijo no sétimo dia ao contemplar tudo que fez.
Outra obra é a do Mashiach Yeshua que antes de se entregar como um cordeiro Pascal instituiu a celebração da nova aliança em memória dele, sendo assim o Shabat nos serve como uma janela no tempo que podemos relembrar o passado em comemoração ao futuro, sendo assim no Shabat antecipamos a Eternidade na qual teremos um pleno descanso conforme Hb. 4.
3) Você acredita em libertação demoníaca? De que forma?
3R.: Possessão demoníaca somente ocorre quando há legalidade para isso, e se não tratar tal legalidade a libertação será apenas um showzinho circense para a platéia aplaudir mas não será um libertação para uma nova vida, mas a verdadeira libertação somente ocorre pela ação do Espírito Santo de D-us que somente se encontram nas pessoas que se santificam por isso a necessidade de jejum e muita oração para esta em um grau de santidade para que se possa lutar a nível das hostes celestiais e não contra a carne e o sangue, mas tal acontecimento sempre terá um motivo especifico de engrandecimento do nome de D-us e edificação do corpo do Mashiach na Terra.
4) Você acredita em palavra profética/revelação? De que forma?
4 R.: Do mesmo jeito que a libertação somente ocorre por meio de pessoas santificadas que agem pelo poder do Espírito Santo, a profecia também só ocorre por meio de tais pessoas, e a revelação é sempre algo fantástico e digno de nota como antecipação de coisas futuras de muita importância e livramentos específicos e não para obviedades e emocionalismo patético que ocorre principalmente nas igrejas neo pentecostais, desculpe se te ofendo mais isso é uma triste realidade, e saiba que a Mão do Senhor logo esmagaram tais que escandalizam o nome de D-us entre as Nações.
Lembre-se que a profecia serve para ajudar o povo a ter animo e não se corromper e sempre vemos o amor do Senhor em tais intervenções e não coisa obvias e patéticas como dizer que está vendo alguém de sua família sendo livre de uma dor na coluna, temos que conhecer o padrão profético nas escrituras para não sermos enganados com qualquer movimentos sem temor e bizarro.
Fique na Shalom de Yeshua HaMashiach.
Por Metushelach Ben Levy
AQUI É UM LUGAR ENDEREÇADO PARA JUDEUS COM UMA FÉ DIFERENTE DOS TRADICIONAIS MAS QUE NÃO SE ENQUADRA EM NENHUM RÓTULO JÁ EXISTENTE. LUGAR TAMBÉM PARA AQUELES QUE RECONHECEM AS SAGRADAS ESCRITURAS COMO A FONTE DE SABEDORIA DADA AO HOMEM POR MEIO DA GRAÇA DE NOSSO CRIADOR!
שמע ישראל י-ה-ו-ה אלקינו י-ה-ו-ה אחד
Shemá Yisrael Adonai Elohêinu Adonai Echad
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terça-feira, 31 de janeiro de 2012
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Romanos 7 - Um breve comentário - versos de 8 à 14
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Romanos 7 nos mostra o Papel da Ketubáh O Contrato de Casamento que rege uma Relação Matrimonial |
7.8 Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado.
C: Neste ponto vale a pena esclarecer que Shaul (Paulo) se utiliza de um método Rabínico muito comum que é o de se colocar na primeira pessoa dentro de um relato para melhor poder descrever os pormenores que ocorrem com o personagem, daqui até o versículo 25 ele se coloca como um tipo de Adam (Adão), que foi o único que viveu antes do pecado ser o senhor do homem.
Levando em conta o famoso adágio popular que diz “o que é proibido é mais desejado”, notamos que o homem tem em seu intimo uma inclinação a desejar aquilo que lhe é proibido, Antes de Adão ter conhecimento do bem e do mal, e portanto saber a lei de for intrínseca, ele não tinha concupiscências, pois nada lhe era proibido, mas no momento que algo lhe foi proibido se acendeu a vontade de saber o porquê da proibição e vemos as concupiscências dos olhos e da carne, e a soberba da vida (1 Jo. 2.16) criarem campo na mente de Eva e se concretizarem em ação que causou a queda e conseqüente casamento com o pecado, sendo ele o senhor do homem daí por diante.
Recuperando a idéia de Romanos 4.15, Shaul (Paulo) explicita novamente que sem Lei, está morto o pecado, pois levando em consideração que a Toráh é uma espécie de jurisprudência, somente em existir ela cria a violação embora seja santa, pois sem algo que determine o que é ou não a vontade de D-us, não há transgressão, outro paralelo que se pode fazer é de a Toráh como ensino de D-us e como provocação divina à consciência, “cria” pecado, utilizaremos uma passagem do Talmude para explicar tal pensamento: (Talmude Yerushalmi, Yoma VI, seção 4, 43d, Linha 21.) : “ A inclinação para o mal deseja somente o que é proibido, Rabbi Mena (no dia da Expiação, que é proibido se beber) foi visitar Rabbi Haggai, que estava doente. Rabbi Haggai disse: “Estou com sede.” Rabbi Mena disse: “Beba”, em seguida, saiu. Uma hora depois, ele voltou e disse: “E a sede?” Haggai respondeu: “Assim que me permitiste beber, o desejo passou.” Vemos então que os Rabinos assim com Shaul (Paulo) percebem que o Yetzer Hará (inclinação para o mal) é despertado pelas proibições da Lei.
7.9 Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri.
C: Aqui podemos ver a metodologia Rabínica de Shaul (Paulo), (já comentada), com mais propriedade, pois vemos Shaul se colocando num papel, que não pode ser dele, pois vemos elementos que não se encaixam com a vida de Shaul, pois quando foi que ele viveu sem Lei?, pois como ele mesmo proclama em Atos 23.6, Filipenses 3.5, ele sempre foi ensinado na Lei.
Aqui podemos vê-lo personificando Adão antes da queda ou como um gentio afastado do conhecimento de D-us, pois tanto como Adão antes da queda e o gentio sem conhecimento ambos não sabiam qual era a vontade de D-us, mas assim que lhes é revelada, a concupiscência é despertada, pois o pecado tomando a ocasião do conhecimento do certo e do errado cria a vontade inata do ser humano de saber o desconhecido e é esta situação que causa a morte.
7.10 E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte.
C: Shaul não é o único entre os escritores judeus a mostrar que a Toráh que vivifica produz morte quando rejeitada ou usada indevidamente, (compare com “1 Tm. 1:8-10” que fala da Legitimidade de usar a Lei que é boa, e o contraponto, de punição para com os injusto); (“ 2 Co. 2:14-16,” figura do cheiro de vida e de morte); (“Hb. 4:12” figura da espada de dois gumes assim como em Apoc. 1:16).
Podemos citar ainda duas passagens do Talmude que expressam esta mesma verdade a cerca da dupla característica da Toráh: (Êxodo Rabbah 5:9 - “A Voz do Senhor saia do Sinai de duas formas, ela matava os pagãos, que não a aceitavam, mas dava vida a Israel, que a aceitava.”); (Yoma 72b: “Se a pessoa usa a Toráh da maneira correta, ela é um remédio de vida, mas , para aquele que não a usa da maneira correta, ela é um veneno mortal”)
Mais uma vez eu recomendo a leitura e a compreensão da passagem de Deuteronômio 30:11-20, que relata a entrega da Toráh, na qual D-us oferece o direito de escolha ao povo, para que o povo possa escolher entre a benção e vida ou a maldição e morte, e Senhor ainda enfatiza dizendo: escolha porem a vida para que vivas, tu e tua semente; Vemos aqui novamente a dualidade da Toráh que vem para benção e dar vida àqueles que nela se apegam, mas também traz maldição e morte para aqueles que a transgridem.
7.11 Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou.
C: Seguindo o mesmo princípio dos versos anteriores, vemos a visão de que o mandamento que foi dado para proteger o homem de ir contra a vontade de D-us, foi utilizado pelo pecado para despertar no homem exatamente o contrario do proposto, isto é, causa o comichão de querer ir contra o que esta estabelecido, ou por concupiscências na vontade de satisfazer um desejo ou por pura curiosidade de se saber as implicações de tal mandamento ter sido dado, e é isso que engana o homem e acaba levando-o para a morte no acumulo das transgressões.
7.12 Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom.
C: Aqueles que pensam que Shaul procurava uma brecha na Lei Judaica para tornar o cristianismo fácil para os convertidos pagãos devem achar difícil esse versículo. Ele prova que Shaul não tinha uma visão antijudaica da Lei, nem desejava anulá-la, o versículo testifica o grande respeito que Shaul sempre teve pela Toráh, que corresponde ao fato de ele a observar ao longo de toda a sua vida (veja Atos 13:9; 21:21, esta atitude teria sido fortalecida por seus estudos com Rabban Gamaliel (Atos 22:3), e não há razão para imaginarmos que sua conversão à fé em Yeshua - que não veio “para abolir a Toráh” (Mt. 5:17) - a teria mudado. Tantos erros sobre a opinião de Shaul acerca da Lei poderiam ter sido evitados se este versículo fosse compreendido como algo que limita tudo o que ele escreve sobre ela. A santa Toráh de D-us para viver santo não muda. Por quê? Porque o próprio D-us não muda (Ml. 3:6) e a santidade não muda. Alem disso, esse verso não é o único, neste mesmo capítulo temos os verso 10, 14, 16, 22 e no capítulo 8 os versos 2, 4, 7-8 mostram que Shaul tinha muito respeito pela Toráh.
7.13 Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno.
C: Shaul faz aqui uma pergunta retórica, sabendo que muitos teriam a falsa impressão que a Toráh é ruim, assim ele chama a Toráh de algo bom que parece se tornar algo ruim que causa a morte, mas ele mesmo responde no original assim: D-us não o permita, e começa a descrever o que leva ao entendimento de algo bom se tornar ruim que nada mais é que a apropriação que o pecado faz da regra para gerar a transgressão, sabemos que todo homem é pecador e destituído está da glória de D-us, sendo assim o pecado através da Lei, encerra todos debaixo da transgressão pois nenhum homem conseguiu viver sem transgredir ao menos uma pequena regra, a não ser Yeshua, desta maneira o que era para vida se torna o meio pela qual o homem é condenado a morte.
7.14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.
C: Nota-se neste ponto mais uma vez que o problema não é Toráh, pois ela é espiritual, mas o problema é o homem, que em seu estado não regenerado não entende as coisas espirituais (Rom. 8:5), se o homem que ainda não foi regenerado lança mão da Toráh para se justificar ele o faz sem entendimento, pois a Toráh sendo espiritual não será entendida por alguém carnal, e ai que ocorre o erro, pois a Toráh foi dada para dar padrões celestes ao nosso cotidiano ou seja para aplicarmos princípios espirituais em nossas vidas, para nos santificarmos, isto é, para nos separar das práticas mundanas que não são da vontade de nosso D-us, em resumo a Toráh nos garante uma qualidade de fé e de vida e não uma forma de justificação.
E é isso que o homem regenerado entende, pois ele confia na justificação outorgada pelo sacrifício de Yeshua na cruz e não na auto-justificação pela obediência à Toráh, e esta justificação outorgada que o liberta da escravidão do pecado, e sendo agora livre ele pode obedecer a vontade de D-us expressa na Toráh, por amor e em espírito, pois seus olhos estão abertos para entender algo que é espiritual.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Romanos 7 - Um breve comentário - versos de 1 à 7
Este breve comentário sobre o capítulo 7 da Carta aos Romanos tem como objetivo devolver a judaicidade à Paulo e aos seus escritos, mostrando que o pensamento paulino está contextualizado à cultura e ao modo de vida dos judeus do primeiro século, bem como revelar toda a formação Rabinica Farisaica que Paulo possuia e que se valeu para transmitir de maneira impar toda a essência e sabedoria do seu entendimento das Boas Novas.
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Romanos 7 nos mostra o Papel da Ketubáh O Contrato de Casamento que rege uma Relação Matrimonial |
Romanos
7.1 Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida?
Comentário: Paulo começa com uma pergunta direcionada não a qualquer ouvinte, mas sim aos que ele delimita como aos que conhecem, entendem a lei. Nesta passagem o termo lei, nomos em grego, não é uma referência especifica à Toráh, poderia ser sim, como também poderia ser à qualquer lei pois qualquer norma, regra e determinação legal somente tem validade para aqueles que a possam cumpri-la, sendo assim se excetua (exclui) os mortos. (Referência pertinente ao contexto artigos 4° e 6° da Código Civil Brasileiro).
Portanto a Lei referenciada segundo o contexto da Carta aos Romanos como um todo bem como especificamente os capítulos posteriores podemos delimitá-la como sendo a Lei Conjugal, Matrimonial.
7.2 Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal.
C: Aqui comprovamos o que dissemos no comentário anterior no tocante à Lei Conjugal, esta Lei especifica contida na Toráh se utiliza de uma Ketubáh, isto é um Contrato de Casamento que rege a vida matrimonial onde os cônjuges tem obrigações mútuas um para com outro que somente se extingue na ocasião da morte de um deles.
Vemos aqui uma analogia em relação ao estado do homem, conforme podemos ver no capítulo 6 de Romanos onde o homem é casado com o pecado, e a Ketubáh, o contrato de casamento que nada mais é que a Torah rege que o homem uma vez casado com o pecado estará ligado a ele até a morte, e o remédio receitado no capítulo 6 para livrar o homem deste casamento condenatório é a morte, mas não a morte natural mas sim a morte para a velha vida, simbolizada no ato do Batismo, onde os que crêem, morrem com Mashiach (Cristo) para que possam ressuscitar com Ele, em novidade de vida.
7.3 De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair novas núpcias.
C: Vemos aqui novamente a necessidade da morte para o fim do casamento para que não haja adultério, vemos algo análogo em Lucas 16:13, no caso da impossibilidade de se servir a dois senhores.
Na rito representativo e figurativo do Batismo ocorre o que é necessário para o fim do casamento do homem com o pecado, ocorre a morte do homem, mas assim como no Batismo que o homem sai das águas, espiritualmente o homem ressuscita, agora não mais nascendo da carne e vontade dos homens mas nascendo do Espírito por vontade de D-us, desta maneira o homem não tem mais a natureza pecaminosa e se equipara a Yeshua o Mashiach que sem a inclinação ao mal (Yetzer Hará), pode vencer o pecado.
Mas agora morto para o pecado (Rom. 6:6-10), e renascido em novidade de vida, o homem pode escolher se casar novamente; Com quem ele deve escolher se casar?... Não é com a Lei, a Toráh, (que é o erro da maioria dos cristãos ao entender esta passagem), o homem pode escolher se casar novamente com o Pecado ou agora se casar com Yeshua (Apoc. 19:6-9).
Quanto ele escolhe se casar com Yeshua, é estabelecido novamente um Contrato de Casamento uma Ketubáh, assim como D-us estabeleceu uma Ketubáh no Sinai para desposar o seu povo (Jer. 30:32), e o povo escolheu o Bezerro de Ouro, agora o homem novamente recebe a oportunidade de aceitar o contrato de casamento que rege a vida matrimonial através da Torah impressa em seu coração e escrita em sua mente, conforme a promessa vaticinada em (Jeremias 30:31-34) e reafirmada em Hebreus 8:8-11, e esta que é a Nova Aliança, isto é, o novo casamento, onde o homem livre do seu antigo marido, o pecado, por meio da morte com Cristo, pode “trocar alianças” com o seu novo Noivo, a saber Yeshua, e este casamento tem um contrato pré estabelecido que regerá a vida conjugal de ambos, e este contrato que na cultura judaica é chamado de Ketubáh, nada mais é que a Toráh, as instruções de D-us para a manutenção do homem (Deut. 30:11-20).
7.4 Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para D-us.
C: Aqui vemos o ponto de ligação principal entre a narrativa do Capítulo 6 e a deste Capítulo respaldando tudo o que comentamos anteriormente.
No fim do versículo vemos o motivo de sermos alcançados pela graça de D-us para que em novidade de vida possamos frutificarmos, passagem análoga a Mateus 13 na parábola do semeador e de João 15:1-8, e em Efésios 2 também vemos esta mesma ordem de fatos onde o homem casado e servindo ao pecado é chamado pela graça de D-us para que em novidade de vida produza as boas obras, ou aqui os frutos, então vemos que a obediência ao contrato de casamento, que é a Ketubah símbolo da Torah é na realidade as boas obras, que no contexto de Efésios não salva ninguém mas é a marca, o sinal, a insígnia de quem é salvo, pois a fé sem obras é morta conforme Tiago 2, então vemos a integração contextualizada de que as boas obras não salva, mas o salvo possui boas obras como marca característica de ser ele uma nova criatura nascida de D-us.
Outro ponto importante a se frisar aqui seria a questão do que seria morrer relativamente à lei, (novamente tento explicar o erro que muitos cristãos que converso, comentem aqui neste ponto, afirmo que morremos para aspectos da Lei e não no sentido que morrendo com Cristo somos desobrigados de qualquer e todo direcionamento que a Toráh pode nos propor.) Primeiro é que a Lei aqui contextualizada se refere primeiramente a Lei Conjugal como já pudemos observar anteriormente, pois logo na continuação do versículos vemos o motivo de termos que morrer, que é para que possamos pertencer a outro, a saber, Yeshua.
Mas há outros aspectos da Lei para qual morremos quando aceitamos o sacrifico do Mashiach para limpeza de nosso pecados e assim sermos alcançados pela graça de D-us, e um dos aspectos é o da maldição, penalidade e castigo aplicados aos que desobedecem à Lei, outro aspecto é a capacidade de gerar nos que desobedecem o sentimento de culpa irremediável, e o ultimo e mais complexo aspecto é a da capacidade de despertar o pecado no não salvo conforme discorrido por Shaul (Paulo) principalmente no versículo 7 e nos posteriores.
7.5 Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte.
C: No não regenerado o pecado que é o seu marido e senhor opera em seus membros através da Lei a frutificação para morte, em contra-posição ao regenerado que ao se casar com Yeshua, de posse de sua nova natureza que agora é a de filho de D-us, tem por incumbência frutificar para D-us (Vers. 4), e este frutificar nada mais é que a obediência por amor e gratidão à D-us, assim é gerada as boas obras na vida dos salvos, não para mérito e por vontade do salvo mais por ele possuir a inclinação ao Espírito (Rom. 8:6-9) e assim o Senhor pode gerar nele tanto o querer como o efetuar estas boas obras (Filipenses 2.13-15), e estas boas obras como visitar os órfão e as viúvas em suas necessidades e se guardar da corrupção do mundo (conforme Tiago 1:27), que é a verdadeira e pura religião.
Shaul ao se utilizar da palavra carne (sarx no grego), ele não se referiu somente ao corpo físico, mas a todos os pensamentos, emoções e desejos físicos que compreendem a natureza humana, e especialmente a natureza humana como é encontrada em pessoas antes de serem alcançadas pela graça. Em 1 Cor. 5:17
Shaul diz: “ Se alguém estiver unido ao Mashiach, é uma nova criação”, ou seja essa pessoa tem uma segunda e nova natureza humana controlado pela Ruach HaKodesh (Espírito Santo). A velha natureza morreu com Yeshua (Rom.6:5); e pelo poder da Ruach, ela continuará morta, nada devemos a ela, no sentido de que deveríamos obedecer às suas paixões pervertidas e equivocadas (Rom. 8:1-13). Pelo contrário, uma vez que estamos unidos a Yeshua, devemos a D-us obediência aos seus desejos e ordens.
7.6 Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra.
C: Caducidade, em direito, é o estado a que chega todo o ato jurídico tornando-se ineficaz em conseqüência de evento surgido posteriormente. É o estado daquilo que se perdeu valia, tida, até então, antes que algo acontecesse.
Vimos na explicação acima que algo precisa acontecer para que a lei se torne caduca, então o que aconteceu? Pelo contexto de Romanos 6 e 7, o que aconteceu foi a morte, e pelo que vimos nos versículos 2 e 3, a lei continua sendo a conjugal, portanto se concluir que a lei conjugal que fazia o homem casado com o pecado caducou pelo fato de o homem ter morrido, assim o homem que morreu não fisicamente mais transcendentalmente e ressuscitou pode agora casar em novidade de espírito com um novo Noivo, e não mais estar ligado pela Lei Conjugal, já caducada pela morte, com o seu antigo marido o pecado.
Uma vez que Yeshua sofreu o castigo por nossa desobediência a Toráh, fomos libertos (Katargeo em grego como no Vers.2) de como já dissemos anteriormente do aspecto de penalidade e morte imposto pela Toráh, e é este aspecto que leva os não regenerados como cita no Vers. 5 a produzirem frutos para morte.
Relembrando os aspectos da Lei que comentamos no versículo 4, aqui eles também se encaixam pois se morremos com Cristo, fomos libertos (1) do aspecto da Lei que nos criava a propensão para recorrer a uma estrutura legalista corrompida para nossa pretensa auto-justificação, digo pretensa pois a Toráh nunca foi dada para justificação mas sim para a Vida. Fomos libertos (2) do aspecto da Lei que nos gerava o sentimento de culpa irremediáveis resultantes da desobediência, mas que agora encontramos o remédio que é a confiança definitiva na expiação final de Yeshua pelo pecado (Rom. 3:21-23), seguida por uma constante confissão e arrependimento dos pecados (1 João 1:9-2:2) junto com a restauração do que foi prejudicado e a dependência do poder da Ruach HaKodesh (Espírito Santo) (Rom. 7:25-8:39). Fomos Libertos (3) das penalidades e maldições aplicadas ao que desobedecem a Toráh, como conseqüência de nossa libertação destes aspectos da Lei que produziam os frutos para a morte, servimos agora de uma nova forma, provida pelo Espírito, que escreveu a Toráh em nosso coração conforme já citamos (Jeremias 30:31-34) e reafirmada em (Hebreus 8:8-11 e 10:15-22) e uma alusão a (Ezequiel 36:26-27), e não do antigo jeito de seguir exteriormente a letra da lei, compare Rom. 2:29 e 2 Cor. 3:6.
É evidente que, se a Toráh foi escrita nos corações dos regenerados, eles não estão libertos da Toráh, mas sim dos aspectos que geravam os frutos para morte quando eles não eram ainda regenerados.
7.7 Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás.
C: Aqui podemos ver Shaul (Paulo) delimitando um dos aspectos da Lei que gera os frutos para a morte nos não regenerados conforme apontamos no comentário final do versículo 4. Esse aspecto da Toráh tem a capacidade de fazer os não regenerados pecarem conforme notamos nas passagens de Romanos 2:18; 3:20; 5:13 e 20, mas esta capacidade não é uma falha da Toráh, mas é uma falha em nós mesmos. Uma pessoa saudável se sai bem em um ambiente fatal para alguém que está doente, de igual modo a Toráh, é benéfica para os regenerados que vivem pela fé, mais é um instrumento de morte para aqueles controlados por sua natureza pecaminosa, ou digamos ainda casados com o pecado. A falha em nós mesmos é que temos uma propensão pecaminosa ((Yetzer Hará) conforme Rom. 5:12-21) para usarmos indevidamente a Toráh, transformando-a em uma estrutura de legalismo, e não no que ela é, uma estrutura de graça (Rom. 6:14-15; 8:2).
“Não Cobiçarás”. o décimo mandamento (Ex. 20:14(17); Deut. 5:18 e plenificado por Yeshua em Mat. 5:22, pode ser violado sem um ato externo: alimentar a inveja no coração já é pecado. Portanto, este exemplo é bem apropriado para provar que a Toráh não pode ser interpretada como um conjunto de regras de comportamento a serem seguidas mecanicamente, de modo legalista, somente pela letra, no entanto os regenerados por terem sua nova natureza inclinada ao Espírito, interpretarão a Toráh de modo espiritual (Rom. 7:14) e não pela letra (2 Cor 3:6), aplicando a essência de seus ensinamentos e instrução que trazem vida (Deut. 30:11-20).
sábado, 29 de janeiro de 2011
Pela graça ou pela lei? Resposta: por ambas.
Pela graça o homem tem seus pecados perdoados por D-us
Pela lei o homem aprende o caminho da obediência
Pela graça somos redimidos e restaurados
Pela lei somos aperfeiçoados com qualidade de vida
Pela graça conhecemos o amor de D-us
Pela lei conhecemos a justiça de D-us
Pela graça recebemos algo que não merecemos
Pela lei declaramos o nosso amor através da obediência
Pela graça somos chamados filhos de D-us
Pela lei somos confirmados como herdeiros
Pela graça conhecemos a face do Eterno
Pela lei conhecemos o seu caráter e seus atributos
Pela graça Abraão foi chamado por D-us
Pela lei ele andou nos caminhos do Senhor
Pela graça Noé foi encontrado por D-us
Pela lei ele foi chamado justo
Pela graça Davi foi eleito e alcançou misericórdia
Pela lei ele foi um homem segundo o coração de D-us
Pela graça Salomão recebeu sabedoria
Pela lei ele foi digno de ser Rei e erguer o templo de D-us
Pela graça Moisés viu D-us face a face
Pela lei ele conduziu Israel pelo deserto com vida e para alguns para morte
Pela graça os profetas receberam a Ruach HaKodesh (Espírito Santo)
Pela lei profetizaram o caminho do Mashiach
Pela graça a virgem o filho de D-us gerou
Pela lei ele nos ensinou o caminho, a verdade e a vida
Pela graça o Mashiach voltará a Jerusalém
Pela lei ele governará e ensinará a Toráh a todas as nações
Pela graça sabemos que precisamos guardar a lei no nosso coração
Pela lei a graça traz plenitude e vida eterna
Pela graça somos justificados
Pela lei somos santificados
A graça é salvação
A lei é o caminho da perfeição
A graça sem a lei não aperfeiçoa
A lei sem a graça não salva
O Espírito da graça é o mesmo Espírito da lei
D-us é amor e também é justiça
O Mashiach revela a graça e ensina a lei aos homens
A graça é uma dádiva divina
A lei é santa, justa e boa.
Pela lei o homem aprende o caminho da obediência
Pela graça somos redimidos e restaurados
Pela lei somos aperfeiçoados com qualidade de vida
Pela graça conhecemos o amor de D-us
Pela lei conhecemos a justiça de D-us
Pela graça recebemos algo que não merecemos
Pela lei declaramos o nosso amor através da obediência
Pela graça somos chamados filhos de D-us
Pela lei somos confirmados como herdeiros
Pela graça conhecemos a face do Eterno
Pela lei conhecemos o seu caráter e seus atributos
Pela graça Abraão foi chamado por D-us
Pela lei ele andou nos caminhos do Senhor
Pela graça Noé foi encontrado por D-us
Pela lei ele foi chamado justo
Pela graça Davi foi eleito e alcançou misericórdia
Pela lei ele foi um homem segundo o coração de D-us
Pela graça Salomão recebeu sabedoria
Pela lei ele foi digno de ser Rei e erguer o templo de D-us
Pela graça Moisés viu D-us face a face
Pela lei ele conduziu Israel pelo deserto com vida e para alguns para morte
Pela graça os profetas receberam a Ruach HaKodesh (Espírito Santo)
Pela lei profetizaram o caminho do Mashiach
Pela graça a virgem o filho de D-us gerou
Pela lei ele nos ensinou o caminho, a verdade e a vida
Pela graça o Mashiach voltará a Jerusalém
Pela lei ele governará e ensinará a Toráh a todas as nações
Pela graça sabemos que precisamos guardar a lei no nosso coração
Pela lei a graça traz plenitude e vida eterna
Pela graça somos justificados
Pela lei somos santificados
A graça é salvação
A lei é o caminho da perfeição
A graça sem a lei não aperfeiçoa
A lei sem a graça não salva
O Espírito da graça é o mesmo Espírito da lei
D-us é amor e também é justiça
O Mashiach revela a graça e ensina a lei aos homens
A graça é uma dádiva divina
A lei é santa, justa e boa.
Obs.: Quando lerem “pela Lei“, entendam “pela Fé“, não a idéia de fé fútil e sem fundamento da modernidade, que relega a fé a um pensamento positivista abstrato, uma força psíquica subjetiva, tenham em mente que a fé , הנמא (emuná em hebraico), tem o sentido principal de FIDELIDADE, isto é, se alguém tem Fé, ela mostra esta FIDELIDADE com obediência a tudo que Aquele que lhe prometeu algo solicitou que fosse guardado, assim vemos em Hebreus 11, a lista de heróis da fé, que com fidelidade Àquele que os chamou, tiveram testemunho de justiça, pois Noach ao ser chamado pela Graça para construir a Arca, teve fé nas palavras Daquele que o chamou e tendo fidelidade a este chamado construiu a Arca, Avraham ao ser achado pela Graça foi chamado para fora de sua parentela, e impelido a peregrinar a terras estranhas, e pela fidelidade de ir para onde não conhecia recebeu a promessa de ser pai de muitas nações e herdar a terra que peregrinou, assim como estes dois exemplos muitos outros obtiveram testemunho por parte de D-us acerca da fidelidade em obedecer, acreditando Naquele que os chamou.
Em resumo, a expressão “pela Lei” quer dizer pela Fidelidade em se fazer algo acreditando e tendo esperança nas Palavras Daquele que nos chamou.
Adaptado e Acrescido por Metushelach Ben Levy de texto de Giliardi Rodrigues em http://teopratica.blogspot.com/
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
A Lei foi Abolida? - Parte II
Paulo e a Torá - Parte II
Por Igor Miguel, quando ainda era membro da AMES.
Introdução:
Este breve estudo é continuação do tratado anterior em que discorremos sobre alguns versículos paulinos que necessitavam de explicação quanto a questão da "lei" Torá. Recebi muitas solicitações de leitores e alunos para que explicasse outros versículos que são considerados por muitos intérpretes da Bíblia como sendo contrários a Torá e a seus princípios. Se você leitor está lendo esta matéria sem ter consultado a anterior (Paulo e a Torá - Parte I), aconselho que você o leia, ao menos a introdução.
"Os profetas e a lei profetizaram até João" (Mateus 11.13)
Este texto apesar de não ser de Paulo, infelizmente é mal interpretado por alguns supondo que a Torá só teve duração até João Batista. A pergunta que se deve fazer ao ler este texto é: Profetizaram o quê?
Todos os profetas e a Torá profetizaram o Messias. Pela tradição judaica o profeta Elias viria para anunciar o Messias, encerrando as profecias concernentes à sua manifestação. Tanto é assim que pelo contexto (v.14) diz: "E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir". Sim, esta é a profecia que se encerra com João. As profecias messiânicas.
A interpretação errada deste texto está em afirmar que a Torá e os Neviim deixaram seu valor em João. Esta é uma interpretação tendenciosa e sem sentido. Para piorar a situação a Versão Almeida Revista e Atualizada, edição largamente utilizada entre evangélicos e cristãos no Brasil, em Lucas traz uma tradução diferente do original: “A Lei e os Profetas vigoraram até João...” (Lucas 16.16 – ARA). Mas, uma vez uma demonstração clara da tendenciosidade de algumas traduções cristãs em relação a lei. Vejamos como está no original grego: o nomoV kai oi profhtai ewV Iwannou (Ró nómos kai ori profetai eôs Iôannú). Simplesmente não existe a palavra “vigoraram”, no original a tradução literal deveria ser: “A Lei e os Profetas até João”. Simplesmente o tradutor inseriu sua teologia antinominista (contra a lei) em sua versão, subtendendo que Torá e os Profetas tiveram validade até João Batista, o que se dúvida é um erro, conforme vimos nos comentários iniciais.
"Pois quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei (...) Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade" (Hb 7.12 e 18)
Em que aspecto houve mudança de lei? Se observarmos com cuidado o contexto perceberemos que o autor trata da substituição (de certa forma) da lei do sacerdócio levítico por um sacerdócio superior conforme o Sl 110.4 que é citado no versículo 17 que diz: "Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque". Claro se o sacerdócio de Melquisedeque é declarado eterno (para sempre) o sacerdócio levítico é inferior àquele. Por isso diz ainda o versículo 14: "pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes". e ainda v.15: "quanto à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote..." Quem é este sacerdote? YESHUA.
Yeshua não podia exercer sacerdócio segundo a carne, pois era da tribo de Judá, ofício restrito (na terra) aos da tribo de Levi. Mas, ele exerce superior sacerdócio junto ao pai segundo a ordem de Melquisedeque. Pois o sacerdócio de Yeshua não é: "...segundo a regra de uma prescrição carnal, mas de acordo com o poder de uma vida imperecível" (v.16 - Verão da Bíblia de Jerusalém - Edições Paulinas).
O que quer dizer este texto? Que a lei é carnal? Que os mandamentos são carnais? Obviamente que não, pois como disse Paulo: "Porque sabemos que a lei é espiritual..." (Rm 7.14). Na verdade o texto se refere a linhagem de sacerdotes segundo a carne, o sacerdócio levítico. A prescrição da Torá que estabelece o sacerdócio terreno, ou seja, os da Casa de Levi.
A Bíblia de Jerusalém comenta que esta regra "carnal" é: "Aquela que reserva o sacerdócio de Levi exclusivamente à sua descendência carnal". Neste aspecto podemos concluir que não foi a Torá que foi suplantada, mais uma lei da Torá, a lei do sacerdócio levítico, deu lugar ao sacerdócio superior, o de Yeshua HaMashiach. Mesmo assim, observe que o princípio de mediação através de um sacerdote foi mantido. Este princípio está na Torá, a necessidade de um mediador é um princípio eterno.
Percebemos então que Yeshua é um sumo sacerdote, cujo serviço é prefigurado no ministério do sacerdote Melquisedeque, soberano e acima do sacerdócio levítico. Sendo assim, a lei da Torá que dizia que só os sacerdotes levitas podiam se achegar em intercessão a D'us foi suplantada por um sacerdócio celestial e superior. Por isso ainda diz: "Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus (...) Porque a Torá constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza, mas a Palavra do juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho, perfeito para sempre" (Hb 7.26 e 28). A "palavra do juramento" se refere a promessa que o Eterno fez no Salmo 110.4: "O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque", este juramento perpetua o sacerdócio de Yeshua.
O texto em nenhum momento faz referência a mudança da Torá por outra Torá. Mas, na mudança de uma lei, a do sacerdócio levítico.
Nota: Melquisedeque foi o misterioso Sacerdote-Rei de Salém (Gn 14.18-20 ler) que abençoa Abraão. Uma doutrina judaica do Iº Século era que Melquisedeque foi uma prefiguração do Messias. Salém era o antigo nome de Jerusalém, cuja raiz vem de Shalom (Paz), e Melquisedeque vem do hebraico: MALKI-TSEDEK que pode ser traduzido como: Rei da Justiça.
"Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda (...) Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer" (Hebreus 8.7 e 13).
Sem dúvida busca-se uma Nova Aliança, foi o próprio profeta Jeremias quem a profetizou, por isso o autor de Hebreus cita-o nos versículos de 7 à 11. A primeira aliança era imperfeita por causa do endurecimento do coração do homem. Um coração não queria andar voluntariamente nos mandamentos do Senhor. Por isso procurou-se a Nova Aliança. V.13
"Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está preste a desaparecer". Sem dúvida! Está preste, mas ainda não desapareceu. O fato de uma aliança ser antiga, não quer dizer que ele tenha desaparecido. Obviamente a Nova Aliança não se cumpriu plenamente, quando isto se cumprir a Antiga Aliança será plenamente suplantada dando lugar à eternidade.
A idéia dispensacionalista de que uma aliança anula a anterior é vaga, todas as alianças estão de pé, obviamente que os acréscimos trazidos por uma última aliança são superiores aos dos pactos anteriores, mas isto não quer dizer que necessariamente "abolição".
O problema está em desassociar a Torá (lei) da Aliança. A imagem que um cristão geralmente tem é que a Nova Aliança é um pacto de "graça" enquanto a Primeira Aliança é de "lei". Esta idéia é imprecisa, pois quando a Nova Aliança foi prometida pelo Eterno através do profeta Jeremias (citado pelo próprio autor de Hebreus) ele disse: "(...) firmarei Nova Aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá (...) porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Na sua mente imprimirei AS MINHAS LEIS, também sobre o seu coração as inscreverei..." (Jr 31.31-34 e Hb 8.8,10). A Nova Aliança não é uma aliança sem lei (antinominiana). Então o que muda? Ou em que aspecto a Nova Aliança é melhor que a primeira? Ela é melhor e diferente porque a Torá agora muda de posição. Antes, ela estava em tábuas de pedras, a pedra é um reflexo do coração endurecido do homem. Mas, graças ao sangue da Nova Aliança, hoje esta Torá está impressa no coração de todo aquele que é fiel a Yeshua HaMashiach, corações regenerados estão condicionados a receberem os preceitos eternos.
"Porque a lei do Espírito da vida, no Messias Yeshua, te livrou da lei do pecado e da morte" (Rm 8.2)
Lendo este texto sem meditar, podemos ser levados a acreditar que existem duas "leis". Uma lei que é do Espírito no Messias e outra, a lei do pecado e da morte.
Na verdade Paulo não está fazendo referência a uma lei do pecado (judaica) e outra lei espiritual (de Cristo). Quando se diz lei neste caso, faze-se referência, a Torá do Messias, que não é outra se não a mesma que foi dada a Moisés no Monte Sinai, mas em novas condições.
Vejamos o contexto: "Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez D'us enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou D'us, na carne, o pecado, a fim de que a ordenança da Torá se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito" (Rm 8.3 e 4).
A expressão usada no versículo 3 "impossível" é a palavra grega "adynaton". Ela é formada pela preposição negativa "a" e pela raiz "dinâmis" (poder). Na verdade esta palavra significa precisamente: "sem poder". Com esta informação vamos analisar o versículo com mais atenção.
A Torá tem poder quando aplicada de forma correta. Mas, torna-se ineficaz quando praticada por um coração incircunciso, não regenerado. O texto ainda diz que a Torá estava enferma por causa da carne ou da carnalidade do homem. Observe, que o problema não é a lei, mas o homem escravo do pecado e sua frustrada tentativa de se tornar justo através de seu esforço em cumprir a 'lei'. Nesta tentativa carnal de ser obediente aos preceitos de D'us, a Torá ao invés de ser um instrumento de vida para o homem, torna-se para este indivíduo não restaurado, um instrumento de "pecado" e de "morte", o que é um desrespeito aos estatutos e mandamentos do Eterno. Por isto ela (a Torá) estava "sem poder".
Então qual foi a solução de D'us para este problema da obediência carnal? Diz ainda:"enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou D'us, na carne, o pecado...". Perfeita a obra de D'us! Já que o problema do homem em cumprir os mandamentos de D'us era a carne, então D'us envia seu filho como o homem, semelhante ao pecador, para destruir o pecado que tanto impedia o homem de cumprir os mandamentos de D'us. D'us fez tudo isso para quê?
"A fim de que o ESTATUTO DA LEI se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito" (v.4). Agora, libertos do pecado pelo sacrifício do Messias o estatuto da Torá se cumpre no indivíduo. Antes cumpríamos a Torá, mas agora ela se cumpre em nós. Sendo assim, agora, a Torá volta ao seu propósito original: SER UMA TORÁ DO ESPÍRITO DA VIDA e não mais UMA TORÁ DO PECADO E DA MORTE (v.2).
Este dualismo Torá Vida x Torá Morte é comum na tradição judaica conforme o Talmud: “Rabi Iehoshua ben Levi disse: Qual é o significado do versículo, E esta é a Torá que Moshê colocou perante os Filhos de Israel [Deuteronômio 4:44]? Isso significa que se uma pessoa é meritória [merecer], ela [a Torá] será para a mesma um elixir que concede vida; mas se não, ela [a Torá] se tornará um veneno mortal. Isso é o que Rabá quis dizer quando ele disse: se ele usá-la de modo direito, ela [a Torá] é uma medicina de vida para ele, mas se alguém não usá-la de modo direito, ela é um veneno mortal” (Yomá 72b).
"Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las" (Gl 3.10)
Paulo constantemente faz uso das expressões "obras da lei" e "sob a lei". O intérprete deve tomar cuidado com estas expressões. De forma alguma Paulo pode está dizendo que a prática de Torá (lei) traz maldição e tão pouco que a Torá é maldita, obviamente. Pois, o mesmo Paulo diz que a Torá é santa, justa e boa (Rm 7.12). Na verdade, este texto é uma exortação direta de Paulo ao legalismo.
Mas, o que é "legalismo"? Legalismo é a prática da Torá com fins de justificação (salvação), sem fazer uso da fé no Messias e em sua obra no madeiro, o que é um erro. A Torá nunca foi dada para salvar o pecador ela tem a função de preservar o salvo no Messias. Como não existia a expressão "legalismo" em grego, Paulo usa a expressão "sob a lei" e "obras da lei" como sinônimos da prática legal a fim de se alcançar salvação. Citarei um famoso hermeneuta cristão: "Os argumentos de Paulo em Gálatas não eram contra a lei, mas contra o legalismo - essa perversão que diz que a salvação pode ser obtida mediante a observância da lei...O legalismo nada mais era do que a tentativa de ganhar a salvação mediante a guarda da lei" (Virkler, Henry A. - Hermenêutica Avançada - Editora Vida - Pg. 109 - 1998 - 5º Impressão).
Uma pessoa que tenta se justificar unicamente pela prática da Torá estará sob maldição. Por quê? Ao tentar se justificar pelas obras do Torá esta pessoa: Primeiro: Nega a obra do Messias, pois ao confiar em si mesma para justificação, nega-se a obra do madeiro. Segundo: Teria que praticar toda a lei de forma correta, pois automaticamente ao quebrar um mandamento, estaria sendo passível ao recebimento das maldições descritas na Torá aos que não cumprem seus mandamentos. A não prática da Torá induz à maldição. Por isso Paulo continua: "... é evidente que, pela Torá, ninguém é justificado diante de D'us, porque o justo viverá pela fé [fidelidade]" (v.11).
"O Messias nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro" (Gl 3.13)
Sim, louvado seja o Eterno por isto! Pois, não estamos mais passíveis à maldição. Pois, não confiamos em nosso esforço humano para sermos justificados. Antes, confiamos na maravilhosa obra de Yeshua e na capacitação que o Espírito de D'us nos dá de sermos justos (ver comentário acima sobre Romanos 8.2). Nossa justiça vem pela firme fidelidade à obra que Yeshua realizou por nós. Obviamente, depois que fomos alcançados por sua obra salvadora, recorremos a vida justa, não porque simplesmente queremos vive-la, mas porque ela brota naturalmente de nossas vidas, pois temos uma Torá viva em nossos corações que nos leva a uma vida justa (Jr 31.31 e seg). Não praticamos a Torá para sermos salvos, mas porque já somos salvos.
Yeshua levou as maldições da Torá, o apedrejamento, o enforcamento, os açoites, no madeiro, afim de que sejamos obedientes, não por ameaças, mas por amarmos profundamente o Eterno, dedicando nossas vidas à sua maravilhosa obra.
Concluímos com tudo isto, que é necessária uma revisão cautelosa dos conceitos teológicos que são adotados hoje pelo cristão. E também pelo judeu que afirma que Paulo era contra a Torá. Vai minha crítica também ao dogmatismo dispensacionalista*, que insiste em dividir a Bíblia em duas principais dispensações (digo duas, pois comumente é aceito que existem 7 dispensações bíblicas), a dispensação da lei (mosaica) e a dispensação da graça. Estes conceitos são aceitos hoje como quase canônicos, mas em nenhum momento Paulo ou os apóstolos se preocuparam em dividir as escrituras desta forma. Obviamente, porque esta divisão nunca existiu na era apostólica (I séc.).
"Anulamos a Torá pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a Torá" (Romanos 3.31).
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*Nota: Alguns textos analisados, para alguns, não são de autoria paulina. Hebreus por exemplo pelo ponto de vista pessoal do autor desta matéria foi escrito pelo Apóstolo Paulo.
*O dispensacionalismo: Escola teológica que insiste dividir as escrituras em múltiplas dispensações, ou períodos, onde D’us agia de forma diferente. Destacam-se J.N. Darby 1830, Scholtfield, Charles Ryrie, Stanley Horton, Dwint Pentecost, e outros. Donde surgiu a idéia de sete dispensações: Inocência, Consciência, Governo Humano, Monarquia, Lei, Graça e Milênio. A Bíblia nunca se dividiu desta forma. A Bíblia descreve alianças ou pactos. Mesmo assim, um pacto nunca aboliu o outro, por isso Paulo disse que os gentios no Messias foram aproximados das ALIANÇAS: “naquele tempo, estáveis sem o Messias, separados da comunidade de Israel e estranhos às ALIANÇAS DAS PROMESSAS (...) Mas, agora no Messias Yeshua, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue do Messias”. (Ef. 2.12 e 13).
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www.ensinandodesiao.org.br
Por Igor Miguel, quando ainda era membro da AMES.
Introdução:
Este breve estudo é continuação do tratado anterior em que discorremos sobre alguns versículos paulinos que necessitavam de explicação quanto a questão da "lei" Torá. Recebi muitas solicitações de leitores e alunos para que explicasse outros versículos que são considerados por muitos intérpretes da Bíblia como sendo contrários a Torá e a seus princípios. Se você leitor está lendo esta matéria sem ter consultado a anterior (Paulo e a Torá - Parte I), aconselho que você o leia, ao menos a introdução.
"Os profetas e a lei profetizaram até João" (Mateus 11.13)
Este texto apesar de não ser de Paulo, infelizmente é mal interpretado por alguns supondo que a Torá só teve duração até João Batista. A pergunta que se deve fazer ao ler este texto é: Profetizaram o quê?
Todos os profetas e a Torá profetizaram o Messias. Pela tradição judaica o profeta Elias viria para anunciar o Messias, encerrando as profecias concernentes à sua manifestação. Tanto é assim que pelo contexto (v.14) diz: "E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir". Sim, esta é a profecia que se encerra com João. As profecias messiânicas.
A interpretação errada deste texto está em afirmar que a Torá e os Neviim deixaram seu valor em João. Esta é uma interpretação tendenciosa e sem sentido. Para piorar a situação a Versão Almeida Revista e Atualizada, edição largamente utilizada entre evangélicos e cristãos no Brasil, em Lucas traz uma tradução diferente do original: “A Lei e os Profetas vigoraram até João...” (Lucas 16.16 – ARA). Mas, uma vez uma demonstração clara da tendenciosidade de algumas traduções cristãs em relação a lei. Vejamos como está no original grego: o nomoV kai oi profhtai ewV Iwannou (Ró nómos kai ori profetai eôs Iôannú). Simplesmente não existe a palavra “vigoraram”, no original a tradução literal deveria ser: “A Lei e os Profetas até João”. Simplesmente o tradutor inseriu sua teologia antinominista (contra a lei) em sua versão, subtendendo que Torá e os Profetas tiveram validade até João Batista, o que se dúvida é um erro, conforme vimos nos comentários iniciais.
"Pois quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei (...) Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade" (Hb 7.12 e 18)
Em que aspecto houve mudança de lei? Se observarmos com cuidado o contexto perceberemos que o autor trata da substituição (de certa forma) da lei do sacerdócio levítico por um sacerdócio superior conforme o Sl 110.4 que é citado no versículo 17 que diz: "Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque". Claro se o sacerdócio de Melquisedeque é declarado eterno (para sempre) o sacerdócio levítico é inferior àquele. Por isso diz ainda o versículo 14: "pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes". e ainda v.15: "quanto à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote..." Quem é este sacerdote? YESHUA.
Yeshua não podia exercer sacerdócio segundo a carne, pois era da tribo de Judá, ofício restrito (na terra) aos da tribo de Levi. Mas, ele exerce superior sacerdócio junto ao pai segundo a ordem de Melquisedeque. Pois o sacerdócio de Yeshua não é: "...segundo a regra de uma prescrição carnal, mas de acordo com o poder de uma vida imperecível" (v.16 - Verão da Bíblia de Jerusalém - Edições Paulinas).
O que quer dizer este texto? Que a lei é carnal? Que os mandamentos são carnais? Obviamente que não, pois como disse Paulo: "Porque sabemos que a lei é espiritual..." (Rm 7.14). Na verdade o texto se refere a linhagem de sacerdotes segundo a carne, o sacerdócio levítico. A prescrição da Torá que estabelece o sacerdócio terreno, ou seja, os da Casa de Levi.
A Bíblia de Jerusalém comenta que esta regra "carnal" é: "Aquela que reserva o sacerdócio de Levi exclusivamente à sua descendência carnal". Neste aspecto podemos concluir que não foi a Torá que foi suplantada, mais uma lei da Torá, a lei do sacerdócio levítico, deu lugar ao sacerdócio superior, o de Yeshua HaMashiach. Mesmo assim, observe que o princípio de mediação através de um sacerdote foi mantido. Este princípio está na Torá, a necessidade de um mediador é um princípio eterno.
Percebemos então que Yeshua é um sumo sacerdote, cujo serviço é prefigurado no ministério do sacerdote Melquisedeque, soberano e acima do sacerdócio levítico. Sendo assim, a lei da Torá que dizia que só os sacerdotes levitas podiam se achegar em intercessão a D'us foi suplantada por um sacerdócio celestial e superior. Por isso ainda diz: "Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus (...) Porque a Torá constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza, mas a Palavra do juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho, perfeito para sempre" (Hb 7.26 e 28). A "palavra do juramento" se refere a promessa que o Eterno fez no Salmo 110.4: "O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque", este juramento perpetua o sacerdócio de Yeshua.
O texto em nenhum momento faz referência a mudança da Torá por outra Torá. Mas, na mudança de uma lei, a do sacerdócio levítico.
Nota: Melquisedeque foi o misterioso Sacerdote-Rei de Salém (Gn 14.18-20 ler) que abençoa Abraão. Uma doutrina judaica do Iº Século era que Melquisedeque foi uma prefiguração do Messias. Salém era o antigo nome de Jerusalém, cuja raiz vem de Shalom (Paz), e Melquisedeque vem do hebraico: MALKI-TSEDEK que pode ser traduzido como: Rei da Justiça.
"Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda (...) Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer" (Hebreus 8.7 e 13).
Sem dúvida busca-se uma Nova Aliança, foi o próprio profeta Jeremias quem a profetizou, por isso o autor de Hebreus cita-o nos versículos de 7 à 11. A primeira aliança era imperfeita por causa do endurecimento do coração do homem. Um coração não queria andar voluntariamente nos mandamentos do Senhor. Por isso procurou-se a Nova Aliança. V.13
"Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está preste a desaparecer". Sem dúvida! Está preste, mas ainda não desapareceu. O fato de uma aliança ser antiga, não quer dizer que ele tenha desaparecido. Obviamente a Nova Aliança não se cumpriu plenamente, quando isto se cumprir a Antiga Aliança será plenamente suplantada dando lugar à eternidade.
A idéia dispensacionalista de que uma aliança anula a anterior é vaga, todas as alianças estão de pé, obviamente que os acréscimos trazidos por uma última aliança são superiores aos dos pactos anteriores, mas isto não quer dizer que necessariamente "abolição".
O problema está em desassociar a Torá (lei) da Aliança. A imagem que um cristão geralmente tem é que a Nova Aliança é um pacto de "graça" enquanto a Primeira Aliança é de "lei". Esta idéia é imprecisa, pois quando a Nova Aliança foi prometida pelo Eterno através do profeta Jeremias (citado pelo próprio autor de Hebreus) ele disse: "(...) firmarei Nova Aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá (...) porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Na sua mente imprimirei AS MINHAS LEIS, também sobre o seu coração as inscreverei..." (Jr 31.31-34 e Hb 8.8,10). A Nova Aliança não é uma aliança sem lei (antinominiana). Então o que muda? Ou em que aspecto a Nova Aliança é melhor que a primeira? Ela é melhor e diferente porque a Torá agora muda de posição. Antes, ela estava em tábuas de pedras, a pedra é um reflexo do coração endurecido do homem. Mas, graças ao sangue da Nova Aliança, hoje esta Torá está impressa no coração de todo aquele que é fiel a Yeshua HaMashiach, corações regenerados estão condicionados a receberem os preceitos eternos.
"Porque a lei do Espírito da vida, no Messias Yeshua, te livrou da lei do pecado e da morte" (Rm 8.2)
Lendo este texto sem meditar, podemos ser levados a acreditar que existem duas "leis". Uma lei que é do Espírito no Messias e outra, a lei do pecado e da morte.
Na verdade Paulo não está fazendo referência a uma lei do pecado (judaica) e outra lei espiritual (de Cristo). Quando se diz lei neste caso, faze-se referência, a Torá do Messias, que não é outra se não a mesma que foi dada a Moisés no Monte Sinai, mas em novas condições.
Vejamos o contexto: "Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez D'us enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou D'us, na carne, o pecado, a fim de que a ordenança da Torá se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito" (Rm 8.3 e 4).
A expressão usada no versículo 3 "impossível" é a palavra grega "adynaton". Ela é formada pela preposição negativa "a" e pela raiz "dinâmis" (poder). Na verdade esta palavra significa precisamente: "sem poder". Com esta informação vamos analisar o versículo com mais atenção.
A Torá tem poder quando aplicada de forma correta. Mas, torna-se ineficaz quando praticada por um coração incircunciso, não regenerado. O texto ainda diz que a Torá estava enferma por causa da carne ou da carnalidade do homem. Observe, que o problema não é a lei, mas o homem escravo do pecado e sua frustrada tentativa de se tornar justo através de seu esforço em cumprir a 'lei'. Nesta tentativa carnal de ser obediente aos preceitos de D'us, a Torá ao invés de ser um instrumento de vida para o homem, torna-se para este indivíduo não restaurado, um instrumento de "pecado" e de "morte", o que é um desrespeito aos estatutos e mandamentos do Eterno. Por isto ela (a Torá) estava "sem poder".
Então qual foi a solução de D'us para este problema da obediência carnal? Diz ainda:"enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou D'us, na carne, o pecado...". Perfeita a obra de D'us! Já que o problema do homem em cumprir os mandamentos de D'us era a carne, então D'us envia seu filho como o homem, semelhante ao pecador, para destruir o pecado que tanto impedia o homem de cumprir os mandamentos de D'us. D'us fez tudo isso para quê?
"A fim de que o ESTATUTO DA LEI se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito" (v.4). Agora, libertos do pecado pelo sacrifício do Messias o estatuto da Torá se cumpre no indivíduo. Antes cumpríamos a Torá, mas agora ela se cumpre em nós. Sendo assim, agora, a Torá volta ao seu propósito original: SER UMA TORÁ DO ESPÍRITO DA VIDA e não mais UMA TORÁ DO PECADO E DA MORTE (v.2).
Este dualismo Torá Vida x Torá Morte é comum na tradição judaica conforme o Talmud: “Rabi Iehoshua ben Levi disse: Qual é o significado do versículo, E esta é a Torá que Moshê colocou perante os Filhos de Israel [Deuteronômio 4:44]? Isso significa que se uma pessoa é meritória [merecer], ela [a Torá] será para a mesma um elixir que concede vida; mas se não, ela [a Torá] se tornará um veneno mortal. Isso é o que Rabá quis dizer quando ele disse: se ele usá-la de modo direito, ela [a Torá] é uma medicina de vida para ele, mas se alguém não usá-la de modo direito, ela é um veneno mortal” (Yomá 72b).
"Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las" (Gl 3.10)
Paulo constantemente faz uso das expressões "obras da lei" e "sob a lei". O intérprete deve tomar cuidado com estas expressões. De forma alguma Paulo pode está dizendo que a prática de Torá (lei) traz maldição e tão pouco que a Torá é maldita, obviamente. Pois, o mesmo Paulo diz que a Torá é santa, justa e boa (Rm 7.12). Na verdade, este texto é uma exortação direta de Paulo ao legalismo.
Mas, o que é "legalismo"? Legalismo é a prática da Torá com fins de justificação (salvação), sem fazer uso da fé no Messias e em sua obra no madeiro, o que é um erro. A Torá nunca foi dada para salvar o pecador ela tem a função de preservar o salvo no Messias. Como não existia a expressão "legalismo" em grego, Paulo usa a expressão "sob a lei" e "obras da lei" como sinônimos da prática legal a fim de se alcançar salvação. Citarei um famoso hermeneuta cristão: "Os argumentos de Paulo em Gálatas não eram contra a lei, mas contra o legalismo - essa perversão que diz que a salvação pode ser obtida mediante a observância da lei...O legalismo nada mais era do que a tentativa de ganhar a salvação mediante a guarda da lei" (Virkler, Henry A. - Hermenêutica Avançada - Editora Vida - Pg. 109 - 1998 - 5º Impressão).
Uma pessoa que tenta se justificar unicamente pela prática da Torá estará sob maldição. Por quê? Ao tentar se justificar pelas obras do Torá esta pessoa: Primeiro: Nega a obra do Messias, pois ao confiar em si mesma para justificação, nega-se a obra do madeiro. Segundo: Teria que praticar toda a lei de forma correta, pois automaticamente ao quebrar um mandamento, estaria sendo passível ao recebimento das maldições descritas na Torá aos que não cumprem seus mandamentos. A não prática da Torá induz à maldição. Por isso Paulo continua: "... é evidente que, pela Torá, ninguém é justificado diante de D'us, porque o justo viverá pela fé [fidelidade]" (v.11).
"O Messias nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro" (Gl 3.13)
Sim, louvado seja o Eterno por isto! Pois, não estamos mais passíveis à maldição. Pois, não confiamos em nosso esforço humano para sermos justificados. Antes, confiamos na maravilhosa obra de Yeshua e na capacitação que o Espírito de D'us nos dá de sermos justos (ver comentário acima sobre Romanos 8.2). Nossa justiça vem pela firme fidelidade à obra que Yeshua realizou por nós. Obviamente, depois que fomos alcançados por sua obra salvadora, recorremos a vida justa, não porque simplesmente queremos vive-la, mas porque ela brota naturalmente de nossas vidas, pois temos uma Torá viva em nossos corações que nos leva a uma vida justa (Jr 31.31 e seg). Não praticamos a Torá para sermos salvos, mas porque já somos salvos.
Yeshua levou as maldições da Torá, o apedrejamento, o enforcamento, os açoites, no madeiro, afim de que sejamos obedientes, não por ameaças, mas por amarmos profundamente o Eterno, dedicando nossas vidas à sua maravilhosa obra.
Concluímos com tudo isto, que é necessária uma revisão cautelosa dos conceitos teológicos que são adotados hoje pelo cristão. E também pelo judeu que afirma que Paulo era contra a Torá. Vai minha crítica também ao dogmatismo dispensacionalista*, que insiste em dividir a Bíblia em duas principais dispensações (digo duas, pois comumente é aceito que existem 7 dispensações bíblicas), a dispensação da lei (mosaica) e a dispensação da graça. Estes conceitos são aceitos hoje como quase canônicos, mas em nenhum momento Paulo ou os apóstolos se preocuparam em dividir as escrituras desta forma. Obviamente, porque esta divisão nunca existiu na era apostólica (I séc.).
"Anulamos a Torá pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a Torá" (Romanos 3.31).
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*Nota: Alguns textos analisados, para alguns, não são de autoria paulina. Hebreus por exemplo pelo ponto de vista pessoal do autor desta matéria foi escrito pelo Apóstolo Paulo.
*O dispensacionalismo: Escola teológica que insiste dividir as escrituras em múltiplas dispensações, ou períodos, onde D’us agia de forma diferente. Destacam-se J.N. Darby 1830, Scholtfield, Charles Ryrie, Stanley Horton, Dwint Pentecost, e outros. Donde surgiu a idéia de sete dispensações: Inocência, Consciência, Governo Humano, Monarquia, Lei, Graça e Milênio. A Bíblia nunca se dividiu desta forma. A Bíblia descreve alianças ou pactos. Mesmo assim, um pacto nunca aboliu o outro, por isso Paulo disse que os gentios no Messias foram aproximados das ALIANÇAS: “naquele tempo, estáveis sem o Messias, separados da comunidade de Israel e estranhos às ALIANÇAS DAS PROMESSAS (...) Mas, agora no Messias Yeshua, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue do Messias”. (Ef. 2.12 e 13).
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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
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