שמע ישראל י-ה-ו-ה אלקינו י-ה-ו-ה אחד
Shemá Yisrael Adonai Elohêinu Adonai Echad

domingo, 23 de outubro de 2011

Shemini Atzéret e o Recomeço do ciclo anual de Leitura da Torah


No último dia 21 de outubro de 2011 passamos pela festa de Shemini Atzéret, que literalmente significa "O oitavo, dia da parada". Desde o mês de Elul, D-us tem através de sua Ruach HaKodesh se aproximadi um pouco mais de nós e Sua presença é mais sentida. Agora, com o fim da festa de Sucót, chega o momento da partida. A festa de Shmini Atséret se assemelha a um pai que, no dia da despedida do seu querido filho, pede para que ele fique por mais um dia, pois a despedida é dura, vemos tal festa como sombra  dos acontecimentos do Reino Messiânico instituido na vinda do Mashiach Yeshua que é uma Simhat Torah, alegria pela Torah, isto é alegria pela Torah encarnada, mas tal período será finalizado depois de mil anos e é sobre este dia de témino que fazemos parelelo com a festa de Shemini Atzéret.
E neste último dia 21 comemoramos a festa de Simchá Torá (em Israel as duas festas são comemoradas no mesmo dia), o dia em que terminamos a leitura anual da Torá com a Parashá Vezot Habrachá e, por amor, a reiniciamos imediatamente com a Parashá Bereshit, que começa com a criação do mundo e a criação do primeiro ser humano, Adam Harishon.

Pouco tempo após ter sido criado, Adam pecou e foi expulso do Gan Éden (paraíso), como está escrito: "E então D-us o baniu do Gan Éden... e tendo expulsado-o, Ele colocou, ao Leste do Gan Éden, os Kerubins e a chama da espada que girava para guardar o caminho para a Árvore da Vida" (Bereshit- Gênesis 3:23,24).

Mas deste versículo surge uma pergunta. Rashi, comentarista da Torah, explica que os Kerubins eram anjos de destruição.
Porém, "Kerubins" é o mesmo termo utilizado para descrever a imagem dos dois anjos sagrados com rosto de criança que ficavam sobre a tampa do Aron Hakodesh (Arca Sagrada) no Templo. Como pode ser que o termo "Kerubim" é utilizado para criaturas destruidoras e também para criaturas com rosto de criança que representam a força vital da Torah?

Explica o Rav Yaacov Kamenetsky que a Torah está nos ensinando a importância da boa educação para moldar crianças saudáveis e ressaltando as conseqüência de uma má-educação. Se uma criança for bem educada, pode se transformar em um Tzadik (Justo), mas se a educação da mesma criança for negligenciada, ela pode se tornar uma pessoa problemática.
Em vários lugares a Torah cita a importância da educação dos filhos. Uma das passagens está no próprio "Shemá Israel", onde dizemos "E estas palavras que Eu os ordeno hoje estarão sobre os seus corações, e as ensinarão aos seus filhos". A responsabilidade da educação judaica dos filhos recai sobre os pais e deve começar ainda no berço, mesmo antes da criança começar a pronunciar suas primeiras palavras.

Porém, atualmente perdemos um pouco o senso da nossa responsabilidade em relação aos nossos filhos. O que significa educar os filhos? Muitas vezes pensamos que é suficiente mandar os filhos para a escola ou colocá-los horas diante da televisão assistindo programas "educativos". Mas será que isso é realmente suficiente? Com isso estamos cumprindo nossa obrigação de criar filhos com boa índole?

Infelizmente as nossas escolas se tornaram verdadeiras "fábricas de diploma". Qual escola é considerada boa? Aquela que tem uma alta porcentagem de alunos que entram em boas faculdades. As escolas não se preocupam em educar, a meta é apenas ensinar a passar no vestibular. Qual a consequência? Uma sociedade composta por muitos advogados sem ética e médicos gananciosos que não se importam com a vida de seus pacientes. Uma sociedade com profissionais que conhecem todos os detalhes técnicos de suas profissões mas não sabem nem mesmo respeitar o próximo.

E a televisão, será que é um bom educador? Apesar de realmente existirem programas educativos, eles são muito raros. O mais comum é a criança se deparar com cenas de violência, nudez e a banalização de temas como traição e roubo. Quanto controle realmente os pais têm sobre o que seus filhos assistem e como eles assimilam estas informações? Quantas vezes os pais assistem os programas de televisão junto com seus filhos para depois discutirem o conteúdo de forma didática? Será que não deveríamos nos dedicar mais às atividades conjuntas com nossos filhos e, ao invés de deixar a televisão ensinar, sentar com eles e abrir um livro?

Foram estes os questionamentos que se perguntaram alguns pesquisadores americanos. Para tentar respondê-los, eles propuseram uma experiência com voluntários de uma pequena cidade, que aceitaram ficar por 30 dias sem televisão em casa. Após este período, todos foram entrevistados e garantiram que o relacionamento familiar havia mudado completamente. Os pais haviam conseguido conversar mais com os filhos, haviam feito mais atividades juntos, haviam conseguido aproveitaram melhor o tempo em família, tanto em qualidade quanto em quantidade.

Porém, os pesquisadores observaram que, depois dos 30 dias da experiência, todas as famílias voltaram a ter televisões em casa. Quando questionados, os pais disseram, envergonhados, que a televisão os deixavam com mais tempo livre e por isso valia a pena tê-la de volta. Isto comprovou que, infelizmente, utilizamos a televisão para nossa própria conveniência, para que sobre para nós um pouco mais de tempo enquanto nossos filhos ficam "grudados" na programação, e não como um verdadeiro educador.

A educação dos filhos não é algo fácil. É necessário dedicação e esforço, planejamento e disciplina. Mas disso depende o futuro do mundo. Há um ditado americano que diz: "A mão que balança o berço é a mão que governa o mundo". O que nossos filhos serão no futuro depende do nosso esforço hoje. A Torá não coloca a obrigação da educação sobre os professores nem sobre os meios de comunicação, e sim sobre os pais. Escola e televisão podem transmitir informações, mas a formação do caráter depende dos ensinamentos e da educação dos pais.

Desde a infância já podemos ensinar valores aos nossos filhos. Desde o berço já podemos ensinar o orgulho de sermos judeus crentes no Mashiach Yeshua e a importância de sermos uma "Luz para as nações", através de bons atos e uma boa conduta pela capacitação que a presença do Espírito Santo em nossas vidas pode nos dar. Tanto os judeus-messiânnicos como os gentios messiânicos precisam ensinar ao mundo o valioso ensinamento de que, antes de um jovem ser advogado, médico ou engenheiro, ele precisa ser um "Mench" (ser humano digno). E isso depende única e exclusivamente dos pais.

EDUCAÇÃO VEM DE BERÇO!

Educação Para Um Mundo Melhor
“Durante os anos de perseguição nazista, muitos pais tentaram salvar a vida de seus bebês deixando-os em orfanatos cristãos, na esperança de reaver seus filhos quando voltassem dos campos de concentração. Mas infelizmente muitos pais nunca mais puderam voltar para buscar seus filhos e muitas crianças judias começaram a ser educadas como cristãs.
Inconformado com esta situação, o Rav Eliezer Silver começou uma longa marcha para resgatar as crianças judias e dar para elas um lar judaico. Mas muitos pais não haviam feito nem mesmo o Brit-milá (circuncisão) em seus filhos com medo que os nazistas os matassem. Como seria possível, então, reconhecer quais eram as crianças judias? Os padres se recusavam a entregar as crianças a não ser que o Rav Silver apresentasse alguma prova de que as crianças eram realmente judias.
O Rav Silver teve então uma idéia brilhante. Ele reunia todas as crianças de cada orfanato em um grande salão, subia em cima da mesa e falava em voz alta: “Shemá Israel, Hashem Elokeinu, Hashem Echad”. Algumas crianças colocavam a mão sobre os olhos, outras começavam a chorar e falavam “Mamy, Papy”. O Rav Silver apontava para aquelas crianças e dizia:
- Estas são minhas. Estas eu vou levar para lares judaicos”.
De onde o Rav Silver tirou esta idéia brilhante? Ele sabia que os pais já se preocupavam com a educação judaica de seus filhos desde o berço. Todos os dias, na hora de colocar seus bebês para dormir, os pais recitavam com eles o “Shemá Israel”. Estas palavras de Emuná (fé) ficaram gravadas no coração de cada um daqueles bebês.

Provérbios 22.6 "Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Simhat Torah – A Alegria da Torá


União e igualdade de direitos são temas-chave de Shemini Atsêret e Simchat Torá, datas nas quais nos alegramos com a Torá.
A melhor maneira de celebrar Simchat Torá seria dedicar os dois dias à leitura da Torá. Mas é justamente o contrário que ocorre. Todos os judeus, sem exceção, pegam a Torá fechada e dançam com ela nos braços.
O ato encerra uma grande lição: se os festejos fossem realizados com a Torá aberta, com sua leitura, haveria distinções entre um judeu e outro, pois a compreensão e o conhecimento de cada um são diferentes. Com a Torá fechada, mostramos a união e a igualdade de todos os judeus, unidos pela mesma alegria. O texto não é lido, mas todos sabem que é algo precioso e, por isso, dançam juntos e em total alegria.
A festa de Simchat Torá, em português “A alegria da Torá”, é celebrada logo após Sucot, marcando o fim do ciclo anual da leitura do texto sagrado do judaísmo, com a conclusão do livro de Deuteronômio e o reinício da leitura, em Gênesis. A continuidade demonstra que os judeus jamais deixam de fazer a leitura da Torá.
Esse é um dos dias mais alegres do calendário judaico, com serviço religioso festivo na noite da véspera, com danças e músicas animadas. São as hacafot, sete voltas ao redor da bimá, o altar da sinagoga, de onde são dirigidas as orações.
Nas congregações liberais, todos os rolos da Torá são retirados do Aron Hakodesh (a arca sagrada) e as pessoas presentes à festa – homens, mulheres e crianças – podem segurá-los para dançar.
No serviço religioso de Shacharit (matutino) é realizada a leitura da Torá e todos os presentes à sinagoga recebem a honra de uma aliá, a oportunidade de ser chamado para a leitura, inclusive as crianças que ainda não fizeram bar mitzvá ou bat mitzvá.
A comemoração de Simchat Torá teve início durante o exílio na Babilônia, após a destruição do Primeiro Templo, em Jerusalém. Naquela época, em Israel, a leitura da Torá era feita em períodos de três anos ou três anos e meio.
Somente depois de o costume de se ler a Torá ao longo de um ano ter se popularizado, durante o exílio na Babilônia, e com a compilação do Talmud, por volta do ano 500, é que a festa foi aceita pelas lideranças religiosas em Israel.
A leitura da Torá é feita semanalmente em pequenos trechos chamados de parashiot ou, no singular, parashá (porção), concluindo o livro sagrado em um ano, justamente em Simchat Torá. Em algumas comunidades manteve-se o costume de se completar as leituras em um ciclo trienal. A cada ano, lê-se um terço de cada uma das parashiot. Nas sinagogas, a leitura é feita às segundas-feiras, quintas-feiras e aos sábados, nos serviços religiosos matutino (Shacharit) e vespertino (Minchá) de Shabat, além das datas festivas e dos dias que marcam o início de um novo mês judaico.
Cada parashá apresenta um trecho da história bíblica e, nas congregações liberais, sua leitura é seguida de uma prédica, de um Dvar Torá (palavra da Torá) ou de uma drashá (estudo dirigido) com ensinamentos e comentários sobre o texto religioso. Também é comum os líderes religiosos traçarem analogias com o mundo contemporâneo, demonstrando que a Torá pode ter influência nas nossas vidas ainda nos dias atuais.
Tirar os Pés do Chão
Alguém perguntou ao Rabi de Karlin: “Por que os chassidim dançam com tanta freqüência?”
“Porque”, respondeu o Rabi, “ao dançar você levanta os pés e assim eleva-se também alguns centímetros da terra, aproximando-se alguns centímetros do céu.”
”Uma pessoa que esteja totalmente preocupada em satisfazer seus desejos terrenos jamais pode atingir o júbilo.
É uma lei da natureza que quanto mais alguém satisfaz um anseio físico, mais este é estimulado para provocar um anseio maior ainda, com o resultado inevitável sendo a insatisfação crônica.
Embora a distância da terra ao céu possa parecer infinita, tudo que o homem precisa fazer é se esforçar, tentar aproximar-se apenas alguns centímetros mais de D’us, começar a desapegar-se das buscas mundanas, e então ele receberá a Divina ajuda para atingir alturas mais elevadas.
A verdadeira alegria é elevar-se acima da superfície da terra e atingir os céus na busca da espiritualidade.

Fonte: http://ocaminhodevolta.wordpress.com/2011/10/09/simchat-torah-a-alegria-da-tora/

domingo, 2 de outubro de 2011

A controvérsia sobre o Canôn das Sagradas Escrituras

 O Cânon que significa do grego Lista ou cana para medir refere-se ao grupo de livros que são considerados como Sagrada Escritura. Existem há tempos divergências sobre os livros escritos no AT que devem entrar no cânon; resistências mesmo entre os pré-cristãos. Os samaritanos por exemplo regeitam todos os livros do AT, com exeção do Pentateuco; em contrapartida no séc. II a.C. as pseudonimas de caráter apocalíptico reivindicam o caráter de inspirados. Entre os rabinos existe inaceitações com relação aos livros de Ezequiel, Provérbios, Cantares, Eclesiastes e Éster. As divergências patrísticas sobre os apócrifos gregos e latinos, se seriam ou não canônicos, o que perdurou até o Renascimento.

Há quem pense que o processo canônico é apenas atividade humana e quem crê ser criteriosamente inspirado por Deus. A preocupação com a canonicidade não reside porém na época em que os livros foram aceitos, mas em sua importância e valor intrínseco. Com a Tradução do AT Hebraico para o Grego durante o reinado de Ptolomeu Filadelfo, e com a inclusão dos livros apócrifos naquela obra (285-246 a.C.), outros livros duvidosos foram acrescentado à lista os Livros aceitos foram: Lamentações, Baruc, éster, Eclesiastico, Sabedoria, Tobias, Judite e I-II Macabeus; contudo as dúlvidas incluíam outros livros, em menor grau e outros apócrifos em maior grau; Catares e Eclesiastes foram os que permaneceram na dúvida por maio tempo. Mesmo após o Concílio de Jamnia em 90 d. C. alguns rabinos ainda relutavam em aceitar o livros de Éster por ali não ser mencionado o Senhor nenhuma vez. Além da Bíblia hebraica, ou Cânone Palestino tema na época helenística o Cânone Alexandrino e a Septuaginta.

Esta continha os 14 livros apócrifos do AT que pelo menos para os judeus da Dispersão eram considerados Sagradas Escrituras. Quase a coleção inteira pela decisão do Concílio de Trento ao tempo da Reforma Protestante foi adotada pela Igreja Católica Romana, ao passo que o Cânon Protestante manteve-se idêntico ao Cânon Palestino (Hebraico) que consiste nos nossos trinta e nove livros do AT organizados porém de forma diferente. No Tempo de Jesus, havia um cânon mais amplo e aceito por todos que ultrapassava os 39 veterotestamentários. Eram pelo menos 3 cânones: Cânone dos Judeus Palestino de tendências farisaicas com 39 livros apócrifos; A Septuaginta ou Cânon alexandrino que incluía os livros apócrifos aceitos pelos judeus da dispersão que falavam grego; e o Cânon Abreviado dos saduceus cujo partido pertenciam muitas autoridades judaicas que dominavam a política da nação que incluía apenas o Pentateuco, excluindo todos os outros do AT. Como porém aceitar o ensino de que o NT não cita o AT apócrifo, se existem muitas citações septuagintas que indicam o respeito por essas obras; da mesma forma os pais da Igreja fazem menção a esses livros tendo é claro alguns discordantes como Jerônimo. Os concílios tiveram grande influência na formação no Cânon do NT, Em Laodicéia (363) os não canônicos foram proibidos sendo aceitos os 27 livros com exceção do Apocalipse. Em Hipona (393) foram aceitos os 27 livros que temos hoje; em Cartago (397) foram os 27 aprovados em 419 houve a separação da Epistola aos hebreus e escritos de Paulo por aceitar que não fora este que os escrevera. Em Nicéia (393) d. C. o Cânon de Atanásio foi aceito com os atuais 27 livros, sendo aceitos por Eusébio bispo de Cesáreia, mas não sem restrições; Crisóstomo patriarca de Constantinopla aceitou essa decisão aceitava os 4 Evangelhos, Atos, Epístolas de Paulo, Pedro, João, Tiago e Judas sendo chamado Cânon Peshitto (síriaco). Basicamente o9s princípios de formação do Cânon foram: Conhecimento Universal e circulação, Autoria dos Apóstolos e de seus discípulos, Segundo a tradição e doutrina dos Apóstolos (Lucas, Atos, Hebreus, Apocalipse e II Pedro), Houve rejeição dos livros escritos mais tarde no período pós-apostólico (epístolas de Clemente), Rejeição dos livros apócrifos como o de Tomé, Evangelhos de André, Atos de Paulo e Apocalipse de Pedro, Rejeição de Literaturas escritas propagadoras de heresias como o Evangelho de Tomé.

Septuaginta (LXX)

Nome dado à antiga tradução do AT Hebraico para o Grego, sendo que alguns eram originalmente escritos em Grego necessitando apenas de serem reunidos na coletânea. Septuaginta é o nome romano em Latin do numeral Setenta por terem participado da tradução, setenta sábios anciãos judeus porque os judeus que voltaram do exílio babilônico haviam deixado a língua Mater e falavam apenas Grego. A cidade de Alexandria tornou-se uma das principais colônias judaicas; ali esses por necessidade tornaram-se conhecedores do grego (requisito para ser cidadão) por necessidade comercial. A tradução se deu por que Demétrio Falério então bibliotecário da famosa biblioteca de Alexandria diz que Aristéias apresentou ao monarca a proposta de adicionar à sua biblioteca uma coletânea das leis judaicas. Ptolomeu aceitou a proposta e enviou a Jerusalém uma embaixada com uma carta a Eleazar, o sumo sacerdote, pedindo que seis anciãos de cada uma das Doze Tribos fossem enviados a Alexandria para executarem a tradução proposta. A transcrição foi terminada em 72 dias. A comunidade judaica ali reunida encantaram-se com a tradução e pediram uma cópia da mesma proferindo uma maldição a quem fizesse qualquer acréscimo ou retirasse algo. Há quem diga que a tradução envolveu apenas o Pentateuco, pois os demais livros eram considerados estranhos ao cânon veterotestamentário. Filo de 30-40 d.C. cita a maioria dos livros do Cânon antigo excetuando apenas Esdras, Neemias, Eclesiastes, éster, Cantares e um ou dois profetas menores.


A Versão dos Setenta (Septuaginta) é a mais célebre versão das Escrituras do Antigo Testamento hebreu e a mais antiga e a mais completa que se conhece. Deriva este nomefigurado pelos algarismos romanos LXX, por haver sido feita por setenta tradutores que a ela se entregaram, no tempo de Ptolomeu Filadelfo entre 285 e 247. A. C. Um sacerdote judaico de nome Aristóbulo, residente em Alexandria, no reinado de Ptolomeu Filometor, 181-146, A. C. referido em 2 Macabeus 1: 10, e citado por Clemente de Alexandria e por Euzébio, diz que, quando as partes originais referentes à história dos hebreus haviam sido vertidas para o grego, já os livros da Lei estavam traduzidos para esta língua sob a direção de Demétrio Falero no reinado de Ptolomeu Filadelfo. A mesma tradução, consideravelmente embelezada, se lê em uma carta escrita por Aristeas a seu irmão, tida como espúria pelos modernos doutores. A mesma história de Aristeas, repete-a Josefo com ligeiras alterações, que de certo a tinha diante dos olhos. Diz ele que Demétrios Falero, bibliotecário de Ptolomeu Filadelfo, que reinou de 283-247 A. C. desejou adicionar à sua biblioteca de 200.000 volumes um exemplar dos livros da lei dos hebreus, traduzidos para a língua grega, a fim de serem mais bem entendidos. O rei consentiu nisso e pediu a Eleazar, sumo sacerdote em Jerusalém, que lhe mandasse setenta e dois intérpretes peritos, homens de idade madura, seis de cada tribo, para fazerem a tradução. Estes setenta e dois doutores chegaram a Alexandria levando consigo a lei, escrita com letras de ouro em rolos de pergaminho. Foram gentilmente recebidos e os aboletaram em uma solitária habitação na ilha de Faros, situada no porto de Alexandria, onde transcreveram a lei e a interpretaram em setenta e dois dias.

Estas antigas informações acerca da origem da versão grega são muitas valiosas, se bem que não se possa depositar em seus pormenores absoluta confiança, e bem assim quanto ao escopo da obra. É admissível, não obstante, que a Versão dos Setenta teve sua origem no Egito, que o Pentateuco foi traduzido para a língua grega no tempo de Ptolomeu Filadelfo; que os demais livros foram gradualmente traduzidos e a obra terminada no ano 150 a.C. Jesus, filho de Siraque, no ano 132 a.C. (Prólogo ao Ecclus), refere-se a uma versão grega da lei dos profetas e de outros livros. É provável que a obra tenha sido revista no período dos Macabeus. A versão é obra de muitos tradutores, como se vê pela diferença de estilo e de método. Em várias partes existem notáveis desigualdades e muitas incorporações.

Cristo e os seus apóstolos serviam-se freqüentemente da Versão dos Setenta. Citando o Antigo Testamento, faziam-no literalmente, ou de memória, sem alteração essencial; em outros casos, cingiam-se ao texto hebreu. Existem cerca de 350 citações do Antigo Testamento, nos evangelhos, nas epístolas e nos Atos, e somente se encontram umas 50 diferenças materiais da versão grega. O eunuco que Filipe encontrou lendo as Escrituras servia-se do texto grego (Atos 8: 30-33).

Fizeram-se três principais revisões dos Setenta: uma no ano 236 A. D. e duas outras, antes do ano 311. A de Orígenes na Palestina, a de Luciano na Ásia Menor e em Constantinopla, e a de Hesíquios no Egito. O manuscrito dos Setenta que existe no Vaticano considera-se o mais perfeito, de acordo com o texto original; presume-se que seja a reprodução do mesmo texto de que se serviu Orígenes e que aparece na quinta coluna da sua Hexapla. A revisão de Luciano foi editada em parte por Lagarde e por Oesterley. Luciano era presbítero de Antioquia e morreu mártir em Nicomédia no ano 311, ou 312. Deu à luz o texto revisto dos Setenta, baseado na comparação do texto grego comum, com o texto hebreu, considerado bom, porém diferente do massorético. Hesíquios era bispo no Egito e sofreu o martírio no ano 310 ou 311; o seu trabalho perdeu-se. Existe, contudo, um códice, assinalado pela letra Q, depositado na biblioteca do Vaticano contendo os profetas que lhe é atribuído.

Outras versões gregas menores: após a destruição de Jerusalém no ano 70, a versão dos Setenta perdeu muito do seu valor entre os judeus, em parte em conseqüência do modo por que os cristãos a usavam para fundamentar as doutrinas de Cristo, e em parte, porque o seu estilo era falho de elegância. Por causa disto, os judeus fizeram três versões dos livros canônicos do Antigo Testamento, no segundo século:

a) a tradução de Áqüila - natural do Ponto e prosélito do judaísmo, viveu no tempo do imperador Adriano, e tentou fazer uma versão literal das Escrituras hebraicas, com o fim de contrariar o emprego que os cristãos faziam dos Setenta para fundamentar as suas doutrinas. A tradução era tão servilmente liberal, que em muitos casos se tornava obscura aos leitores que não conheciam bem o hebreu como o grego.

b) a revisão dos Setenta – feita por Teodócio, judeu prosélito, natural de Éfeso, segundo Ireneu, e segundo Euzébio, um ebionita que acreditava na missão do Messias, mas não na divindade de Cristo. Viveu no ano 160, porque dele faz menção Justino Mártir. Na revisão que fez dos Setenta, serviu-se tanto da tradução elegante, porém, perifrástica feita por Símaco, samaritano ebionita.

c) Orígenes arranjou o texto hebreu em quatro versões diferentes, em seis colunas paralelas para efeito de estudo comparativo. Na primeira coluna vinha o texto hebreu; na segunda, o texto hebreu em caracteres gregos; na terceira, a versão de Áqüila; na quarta, a de Símaco; na quinta, a dos Setenta; e na sexta, a revisão de Teodócio. Em virtude destas seis colunas tomou o nome de Hexapla. Na coluna destinada ao texto dos Setenta, marcava com um sinal palavras que não encontrava no texto hebreu. Emendava o texto grego, suprindo as palavras do texto hebraico que lhe faltavam, assinalando-as por um asterisco. Conservou a mesma grafia hebraica para os nomes próprios.

d) Orígenes preparou uma edição de menor formato, contendo as últimas quatro colunas, que se ficou chamando Tétrapla.

Existem também traduções em grego de antigos manuscritos. Estas traduções foram descobertas em partes e são chamados “codex” . São estes alguns dos principais codex existentes de traduções da Bíblia em língua grega:

a) CODEX ALEXANDRINUS. Contém a Bíblia toda. Foi escrito em grego no século V d.C. Encontra-se no Museu Britânico. Embora muito bem conservado, apresenta algumas lacunas em Gênesis, I Reis, Salmos, Mateus, João e I Coríntios. O AT é da LXX, com algumas variações do tipo de texto. Os evangelhos seguem o texto bizantino, o restante do N.T. alexandrino.

b) CODEX VATICANUS. Este manuscrito, do século IV d.C., que também abrange toda a Bíblia encontra-se na Biblioteca do Vaticano. Apresenta algumas lacunas: Os 45 capítulos iniciais de Gênesis, parte de II Reis, alguns Salmos, final da epístola aos Hebreus e o Apocalipse. O AT é da LXX. O N.T. é alexandrino.

c) CÓDEX EPHRAEMI SIRY RESCRIPTUS. Manuscrito da Bíblia toda, do século V d.C., e que está guardado na Biblioteca Nacional de Paris. É chamado de "rescriptus" porque o texto original foi apagado, embora tenha ficado vestígios leves, e o material reutilizado no século XII para anotar as obras de Efraem, o sírio. Duzentos e oito páginas foram usadas para este fim e são as páginas que chegaram até nós. O texto bíblico foi restaurado por métodos modernos de recuperação. Estas páginas contém parte do livro de Jó, Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Cantares e quase todo o Novo Testamento, com exceção de II Tessalonicenses e II João

d) CÓDEX D OU DE BEZAE. Este manuscrito, do século V ou VI d.C., foi escrito nas língua grega, lado esquerdo e latina, lado direito. Contém os quatro evangelhos; Atos, com algumas lacunas; e uma parte de I João.

e) CODEX WASHINGTONIANUS II. É um manuscrito do século VII d.C., que se encontra na Coleção Freer do Instituto Smithsoniano de Washington, USA. Contém partes das epístolas de Paulo, e a carta aos Hebreus depois de II Tessalonicenses.

f) . CODEX REGIUS. Manuscrito do século VIII d.C. que está na Biblioteca Nacional de Paris. Neste o evangelho de Marcos termina no final de 16:9. Em seguida apresenta dois finais alternativos deste evangelho.

g) CODEX WASHINGTONIANUS I. Foi produzido no século IV ou V d.C. e também pertence à Coleção Freer do Instituto Smithsoniano de Washington, USA. Contém os quatro evangelhos, na ordem ocidental: Mateus, João, Lucas e Marcos. Foi copiado de outros manuscritos, pois apresenta diversos tipos de textos. Apresenta dois finais para o evangelho de Marcos.

h) CODEX SINAITICUS. O achado deste manuscrito envolve um drama vivido por Tischendorf, que o encontrou. Em 1844 Constantino Tischendorf trabalhava na biblioteca do mosteiro de Santa Catarina, na península do Sinai, e notou uma cesta cheia de páginas soltas de manuscritos. Ficou eufórico quando notou que acabara de encontrar um dos mais antigos manuscritos bíblicos na língua grega. Tirou 43 páginas, que atendendo seu pedido foram-lhe dadas. Outro bibliotecário alertou que duas cestas contendo o mesmo tipo de material fora consumido na fornalha do mosteiro, para aquecer os monges. Entretanto, cerca de oitenta páginas do AT ainda existiam. Não conseguiu ir mais longe em sua busca, porque ao observar seu entusiasmo, os monges suspeitaram e deixaram de cooperar. Tischendorf voltou à Europa com suas 43 páginas. Em 1854 retornou ao mosteiro, mas não foi desta vez que os monges concordaram em falar sobre o restante das páginas de sua descoberta. Mas, em 1859, voltando novamente ao mosteiro, sob o patrocínio do Czar Alexandre II, patrono da igreja grega. Assim mesmo os monges não quiseram discutir sobre seu achado. Entretanto, um dos monges, inocentemente falou de uma cópia da Septuaginta que possuía e teria prazer em mostrar-lhe. Para surpresa de Tishendorf, o manuscrito era o mesmo do qual ele encontrara as 43 páginas. Continha o N.T. completo e parte do AT. Debalde Tischendorf tentou convencer o monge em presenteá-lo ao Czar russo. Mas o czar ofereceu um presente ao mosteiro, de acordo com costumes orientais, e levou o manuscrito (livrando-o do risco de aquecer a fornalha dos monges). Em 1933 o Museu Britânico adquiriu o manuscrito, onde se encontram até hoje. O manuscrito contém parte dos livros de Gênesis, Números, I Crônicas, II Esdras, os livros poéticos, Ester, Tobias, Judite e os livros proféticos, com exceção de Oséias, Amós, Miquéias, Ezequiel e Daniel. Estão ali incluídos também I e IV Macabeus. O N.T. está completo. As epístolas de Barnabé e uma porção do Pastor de Hermas também estão no manuscrito. O Texto assemelha-se ao Vaticanus e ao Alexandrinus.

i) CODEX KORIDETHIANUS. Texto bizantino, do século IX d.C.

j) CODEX PETROPOLITANUS. Manuscrito do século IX d.C.

Nos tempos modernos, uma tradução muito importante foi a que realizou Erasmo de Roterdã em 1514. Esta tradução ( conhecida como “receptus”) foi a base de importantes trabalhos de tradução da Bíblia para outros idiomas. Por exemplo, Zuínglio e Lutero usaram o texto de Erasmo para suas traduções da Bíblia para a língua alemã.

Erasmo de Roterdã era um humanista, que insistia na reforma da igreja, foi contemporâneo de Lutero ( com quem travou importantes debates) e influenciou de forma especial a reforma na igreja da Inglaterra, pais onde lecionou durante muitos anos. O texto em grego desta tradução revelou que a Vulgata ( a tradução em latim da Bíblia que era considerado o texto oficial pela Igreja Católica) era uma tradução inferior. Era o desejo de Erasmo que as pessoas pudessem ler a Bíblia sozinhas, sem a ajuda do clero. Se hoje isto se tornou uma realidade, foi em parte devido aos esforços de Erasmo de Roterdã.

No meio cristão esta tradução só foi suplantada pela tradução latina chamada Vulgata, isto devido ao crescimento da Língua latina nas regiões cristãs. Durante a Idade Média (séc. V-XV d.C.) o conhecimento tanto grego como hebraico tornou-se por vezes raro no Ocidente, voltando à tona apenas na Renascença. A História da LXX no Oriente teve uma história bem mais longa. Apesar da Fama, a quem considere as muitas faltas graves da LXX; sobretudo o manuscrito de Reis é o mais mal traduzido.

As principais versões do Antigo Testamento de que se tem notícia são: LXX, Versões em Latim Antigo, Síriaco Peshitta, Hexapla Siríaca (traduzida da LXX de Orígenes pelo Bispo Paulo de Tela em 617), Copta (Egípcio – conta com quatro versões do AT baseada na LXX; as versões são: Boárica ou Menfífica, Faiumica e Akahamímica), Vulgata Latina (Fez três traduções dos salmos uma mais fiel que a outra dos manuais originais hebraicos; de início deixou de lado os apócrifos, apesar de ter traduzido os livros de Judite e Tobias; por fim os apócrifos acabaram por ser aceitos na versão Vulgata que foram oficialmente aceita em toda a Europa por toda a Idade Média).

As versões principais do Novo Testamento são as do Latim Antigo (possivelmente produzida na África empregada por Cipriano), Diatesaron (de autoria de Taciano em 160 d. C. preparada em Grego e traduzida em Siríaco), Siríaco Antigo), Peshitta (com 22 livros, exceto |Pedro, João, Judas, Apocalipse), Copta (sendo a mais antiga a Saídica, além das: Fayumica, Akhmimica, Boática), Armênia (de 400 d. C. em Koiné ou bizantino), Geórgia (uma nação do Cáucaso entre o Mar Negro e o Cáspio e o mais antigo Manuscrito do evangelho e o Adysh de 897, o Opiza de 913), Vulgata Latina (tornou-se oficial na religião católica por decreto no Concílio de Trento); Versões Secundarias e Traduções modernas.


Massora



Os massoretas eram escribas e mestres cujo intuito era preservar o texto hebraico da Bíblia. Criaram o texto com pontos vocálicos, sendo que o hebraico só possui consoantes; anotaram o texto sagrado nas margens dos rolos e nos fins das seções; suas notas eram de ordem lingüística ou ortográfica, pouco se encontra de exegese. Começam a trabalhar em 500 d. C e vão até a invenção da imprensa; a totalidade da obra ficou conhecida como Massora e o texto produzido por eles como texto Massorético sendo eles massoretas. A palavra quer dizer Transmitir (em hebraico msr – msr). Em relação a esses escritos, o descobrimento de Qunrã revelou a exatidão geral, a LXX difere destes, emendas propostas recentemente a fim de se eliminar erros, concordam com os manuscritos do Mar Morto, por eles a apresentação da Bíblia hebraica foi preservada com maior cuidado e com menos variantes que do NT grego.

Livros Apócrifos


Do Grego temos apokrufe (apokrufe) oculto, secreto, misterioso aplicado a certos livros tidos como sagrados, mas não aceitos por todos como tal; a palavra ocorre em Mc 4, 22 e Lc12, 2,´Pois nada está oculto (apokrufon) se não para ser manifesto´. Champlim afirma que: “a maioria dos evangélicos permanece na ignorância desses livros. Mas os que os lêem, dão valor ao menos a certas porções dos mesmos, considerando-as como não menos valor que o teor geral do AT” .Como dissemos, os saduseus aceitavam apenas os livros do Pentateuco, os fariseus o AT como temos hoje nas Bíblias protestantes, os judeus da diáspora os apócrifos; a LXX sempre incluiu os apócrifos. A Igreja Oriental até o fim da patrística e a Ocidental ate a Reforma aceitavam-nos de forma geral em igual nível que o restante do AT.


Os tidos Apócrifos do AT são: I Esdras, II Crônicas (150-50 a.C.), II Esdras aborda os problemas da destruição de 70 d.C. e não a de 586 (90 a.C.), Tobias (190-170 a.C.), Judite (150 a.C. originalmente em hebraico), Adições ao Livro de éster (114-78 a.C.), Sabedoria de Salomão (100-50 a.C. escrito originalmente em grego em Alexandria), Eclesiástico (Sabedoria ou Bem-siraque de cerca de 185 a.C.), Baruque (entre 150-100 a.C.), Epístola de Jeremias incluída geralmente no livro de Baruque (150 a.C.), Adições a Daniel (100 a.C.), Orações de Manassés (séc. I a.C.), I Macabeus (104 a.C. um relato da guerra de independência dos Macabeus), II Macabeus (mais breve relato histórico da obra de Jasan de Cirene que compreende 15 anos).

Pseudepígrafos


Traduzido como escritos falsos ou espúrios, sendo isso mesmo por se tratar de invenções não sendo escritos pelos autores aos quais são atribuídos ou sem sua autorização como no caso de Paulo que escreve de próprio punho (Enoque não foi escrito pela personagem veterotestamentaria, Tomé não foi escrito pelo Apóstolo Tomé e o Apocalipse de Abraão não foi escrito pelo patriarca). No caso do uso Bíblico atribui-se o nome livros apócrifos. De modo geral podem ser datados em 200 d.C. e 200 a.C. quase todos de natureza apocalíptica. Sua classificação quanto ao gênero literário é: Narrativas, Testamentos, Escritos Litúrgicos e Apologias.

A Vulgata Latina


A principal e mais conhecida tradução efetuada dos textos bíblicos em latim é famosa Vulgata. Este trabalho foi iniciado por um monge de nome Sofrônio Eusébio Jerônimo (São Jerônimo), que viveu no século V e foi contemporâneo de outro grande doutor da igreja, Agostinho de Hipona. Mas a história nos mostra que esta tradução não foi a primeira, e houve muitas batalhas dentro da Igreja até que a versão de Jerônimo fosse aclamada pelo clero romano como a versão oficial da Igreja Católica.

As principais traduções antigas da Bíblia para o Latim são: (a) A Antiga Latina; (b) a Ítala; e (c) a Vulgata de Jerônimo. Esta última é bem posterior e tem muita da má influência de Alexandria . Não é muito claro se a Antiga Latina e a Ítala realmente nasceram distintas ou se são variações da mesma tradução original.

a) Antiga Latina: alguns historiadores e outras fontes põem sua tradução em cerca do ano 150. Tertuliano testifica de muitas cópias de uma tradução completa da Bíblia para o Latim, circulando por todas as províncias romanas do norte da África no ano 190. Não se conhecem os detalhes acerca de seus tradutores. É uma tradução extremamente literalista e podemos verificar que resultou de um esforço espontâneo de tradução, por crente(s) individual ou por alguma(s) igreja local (independente, autônoma e soberana) ao invés de ser uma imposição oficial de uma organização centralizada, como o seriam a Vulgata de Jerônimo e todas as Bíblias Alexandrinas. As primeiras cópias da Antiga Latina (e todas as cópias usadas pelos Valdenses) não tinham os textos apócrifos e eram 100% baseadas em manuscritos gregos do primeiro século (que não sobreviveram mas que, inegavelmente, à luz da tradução para o Latim, têm que ter sido basicamente iguais ao texto dos manuscritos Bizantinos que nos chegaram às mãos). Mas algumas cópias posteriores da Antiga Latina tiveram acrescentados os Apócrifa e tiveram algumas adulterações, tudo introduzido por admiradores de Orígenes e Agostinho. Além dos Valdenses, também os Albingenses recusaram totalmente a Bíblia de Jerônimo, aferraram-se à Antiga Latina, foram independentes de Roma, e, por tudo isto, foram considerados hereges, foram caluniados, perseguidos, e exterminados. A Antiga Latina tem cerca de 35 manuscritos-cópia sobreviventes, sendo os mais velhos datados do século III e as mais recentes, do século XII.


b) Ítala - basicamente é da mesma origem da anterior. Circulou nos primórdios do segundo século entre os cristãos que viviam em Roma e nas províncias italianas.

c) Vulgata - Jerônimo é considerado um dos grandes doutores da igreja pelos católicos. Nasceu na província romana da Panônia (atual Hungria) em 342. Com cerca de trinta anos, foi enviado por seus pais à Roma, onde estudou gramática, retórica e filosofia. Empreendeu uma viagem de estudos às Gálias, e posteriormente visitou a Grécia e a Síria, onde permaneceu alguns anos estudando em Antioquia. Aproveitou então para aprender o hebreu com um judeu converso, a fim de poder estudar as Sagradas Escrituras em seu original. Quatro anos depois partiu para Jerusalém para aperfeiçoar-se na língua hebraica. Posteriormente, Dâmaso ( bispo de Roma) conservou Jerônimo como seu secretário, dando-lhe ordem de rever o texto latino da Sagrada Escritura, comparando-o com o original hebreu. Esta tarefa viria a dar na tradução conhecida como Vulgata (do latim “vulgare”, que significa uso comum). Em 384 faleceu Dâmaso, e os inimigos de Jerônimo iniciaram uma campanha de difamação que fez com que o santo deixasse definitivamente Roma e voltasse para a Terra Santa, estabelecendo-se em Belém, onde passou os últimos trinta e quatro anos de sua vida. O grande esforço de Jerônimo na tradução das Escrituras foi por ele mesmo assim descrito: “Cumpro o meu dever, obedecendo aos preceitos de Cristo que diz: ‘Examinai as Escrituras e procurai e encontrareis’ para que não tenhais de ouvir o que foi dito aos judeus: ‘Estais enganados, porque não conheceis as Escrituras nem o poder de Deus’. Se, de fato, como diz o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, aquele que não conhece as Escrituras não conhece o poder de Deus nem a sua sabedoria. Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”. Existem algumas modificações sobre as versões escritas por Jerônimo e a sua versão final: ele fez três traduções do livro de Salmos, sendo que a segunda é que foi adotada. Sua tradução do Antigo Testamento, a princípio, deixou de lado os livros apócrifos, por não desejar que os mesmos fossem incluídos em sua versão, embora já houvesse traduzido os livros de Judite e Tobias. Ao final, estes livros foram adicionados, fazendo parte da Vulgata. Esta foi a Bíblia oficial durante toda a idade média, na Europa ocidental. Existem cerca de oito mil manuscritos da Vulgata.



As Versões Hebráicas


Quando os judeus voltaram do cativeiro, o idioma hebreu de seus antepassados deixou de ser a linguagem comum do povo. O aramaico tomou o seu lugar. Em breve foi necessário que a leitura das Escrituras feitas em público fosse oralmente explicada pelo leitor, ou por seu assistente, a fim de que o povo a pudesse compreender. O costume de explicar as palavras e frases obscuras quando se liam nas Escrituras em público, já estava em voga no tempo de Esdras.(podemos observar este fato na própria Bíblia ao lermos o livro de Esdras). Isto, porém, diz mais do que a letra afirma, dependendo de uma resposta à seguinte pergunta: Teria os hebreus adotado outra língua durante o exílio? O Targum oral (a interpretação ou tradução) foi a princípio uma simples paráfrase em aramaico. Mas eventualmente foi elaborado para dar-lhe forma definitiva e servir de padrão autorizado para ensino do povo, e por isso reduziram-no a escrito. Estes Targuns são de grande auxílio para se determinar o texto como era lido nas sinagogas antigas e para ter-se o sentido que os judeus davam às passagens difíceis. Os Targuns principais eram os de Onkelos sobre o Pentateuco e o de Jônatas ben Uzziel sobre os profetas. Segundo o Talmude, Onkelos era amigo de Gamaliel e companheiro de Paulo nos estudos, e, portanto, viveu pelo ano 70. O seu Targum deveria antedatar o princípio do segundo século; mas geralmente se diz que pertence a data posterior (princípio do século 2). É um Targum puramente literal. O Targum de Uzziel é, pelo contrário, perifrástico e deve ser de data posterior. Os Targuns sobre o Hagiógrafo datam do undécimo século.


As traduções posteriores foram conhecidas como traduções siríacas. Existem duas delas conhecidas nos dias atuais:

a) SIRÍACO PESHITTA - Foi traduzida do hebraico, no II século d. C. e era o texto padrão dos cristãos sírios. Posteriormente houve uma revisão, pela LXX.

b) HEXAPLA SIRÍACA - Foi traduzida com base na LXX de Orígines, pelo bispo de Tela, em 617 d.C. Este manuscrito foi bastante estudado no exame da LXX, em virtude de ter preservado as notas críticas do original grego de Orígines.


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