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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

ANÁLISE DO LIVRO DO PROFETA JOEL - Parte 1 - versos de 1 a 4


ANÁLISE DO LIVRO DO PROFETA JOEL

Introdução

Temos poucas informações sobre o autor do Livro, apenas sabemos o seu nome que vem da frase: “para mim YHWH é D-us”, reduzida para Yo - El, e o nome de seu pai, Petuel que provem da junção de duas palavras, uma da raiz patah que significa alongado, aberto, ampliado e o termo El que como já citado seria a designação para D-us, tomando portanto nesta junção o sentido de ampliado em entendimento por D-us.
O período de sua atuação do profeta também não é especificado, mas é comumente aceito como meados do nono século entre 875 A.E.C. e 835 A.E.C. dentro do reinado de Jóas de Judá.


Joel 1:1-3 “Palavra do SENHOR que foi dirigida a Joel, filho de Petuel.
Ouvi isto, vós, anciãos, e escutai, todos os moradores da terra: Aconteceu isto em vossa mocidade? ou algo assim nos dias de vossos pais? Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos, e vossos filhos, a seus filhos, e os filhos destes, à outra geração.”
Nestes versos notamos que algo está acontecendo, e é tão dramático que o profeta questiona aos mais velhos se eles haviam visto algo parecido quando eram jovens ou se ouviram de seus pais algo tão relevante, e tamanha era a importância do fato que deveria fazer parte da transmissão oral de geração em geração assim como os acontecimentos na Saída do Egito, ou seja, não é apenas uma mensagem profética para um futuro imediato ou para os tempos do fim, era algo que estava assolando o reino do sul naquele instante, e segundo a tradição tal fato foi como se segue nos versos posteriores, ou seja, uma tão grande praga de gafanhotos que os efeitos de destruição e fome foram sentidos por longos anos em Judá.

Joel 1:4 O que ficou da lagarta (gafanhoto cortador)(גָּזָם – Gazam), o comeu o gafanhoto (gafanhoto migrador) (אַרְבֶּ֔ה – Arbeh), e o que ficou do gafanhoto, o comeu a locusta (Brugo, gafanhoto devorador)(יֶּ֔לֶק – Yelek), e o que ficou da locusta, o comeu o pulgão (gafanhoto destruidor)(חָסִֽיל – Hasil).

A Bíblia e a literatura talmúdica descrevem a praga dos gafanhotos como uma das piores visitas a acontecer em Israel. Sua gravidade e extensão variavam de tempos em tempos, uma das mais severas pragas ocorridas nos dias do profeta Joel, que dedicou a maior parte de sua profecia a ele. Suas descrições precisas do desenvolvimento, varredura e dano dos gafanhotos foram confirmadas na praga extremamente séria de gafanhotos que visitou a Terra Israel em 1915, quando as colheitas foram totalmente destruídas na maior parte do país.
Durante a praga, o gafanhoto passa por várias metamorfoses, desde a larva até a fase adulta, sendo os estágios de seu desenvolvimento dados em Joel (2:25) nas expressões יֶלֶק ( yelek ), חָסִֽיל (Chasil ), גָּזָם ( gazam ) e אַרְבֶּה ( arbeh ) sendo este último estágio, o de maturidade.
Depois de fertilizada, a fêmea deposita um conjunto de ovos em um buraco que faz no chão, destes ovos surgem larvas escuras e sem asas, do tamanho de formigas minúsculas, sendo estas o Yelek, uma palavra aparentemente ligada a לָקַק, "lamber", pois neste estágio as larvas lambem a tenra vegetação do campo, o Yelek cresce rapidamente e como sua epiderme não se torna maior, ela a expele em vários estágios de crescimento, durante os quais a sua pele muda de cor.
O próximo estágio, durante o qual sua pele é rosada, é o Hasil, cuja palavra, da raiz חסל, refere-se à destruição total da vegetação do campo, pois nesse estágio consome enormes quantidades para a sua maturação;
Agora troca sua pele duas vezes, cresce asas curtas e se torna o Gazam, e neste momento, quando não resta mais vegetação no campo, ela "corta" (sendo esse o significado de גָּזָם) e mastiga a casca das árvores com suas poderosas mandíbulas; como Joel (1: 7) diz: "ele a fez (a figueira) completamente nua ... os seus ramos são embranquecidos"; e Amós (4: 9): devora "seus jardins e suas vinhas e suas figueiras e suas oliveiras".
Finalmente, depois de lançar uma epiderme adicional, ela se torna a Arbeh de asas longas, totalmente crescido, a fêmea de cor amarela que está apta a botar seus ovos e migrar em grandes enxames, de onde provém o significado da raiz אַרְבֶּה . Esse ciclo de desenvolvimento dos gafanhotos se estende da primavera até junho, quando os enxames de gafanhotos retornam ao seu local de origem ou são soprados pelo vento para o Mediterrâneo ou o Mar Morto (Joel 2:20).

Na literatura talmúdica, gafanhotos são incluídos entre os desastres para os quais o alarme da buzina de carneiro (shofar) soou e logo um enxame se fez presente (Ta'an. 3: 5). Uma praga de gafanhotos trouxe fome, às vezes até nos anos seguintes, devido aos danos causados às árvores frutíferas. Não havendo outra fonte de alimento, o povo recolheu os gafanhotos, secou e os preservou como alimento. O Mishnah cita opiniões divergentes sobre se a bênção "pela qual todas as coisas existem" deve ser dita ao comer gafanhotos (no Mishnah גּוֹבָי ( govai ); Nah 3:17), uma visão sendo que, uma vez que "é da natureza de uma maldição, nenhuma bênção é dita sobre ela" (Ber. 6: 3). Nos tempos antigos, no entanto, eram considerados uma refeição frugal e especialmente associada ao ascetismo, como quando João Batista comeu apenas "gafanhotos e mel silvestre" (Mateus 3: 4; Marcos 1: 6). Alguns judeus iemenitas ainda comem gafanhotos fritos. Nos últimos anos, enxames de gafanhotos às vezes visitavam países vizinhos de Israel, freqüentemente originários da África e da península Arábica, mas os métodos modernos conseguiram destruí-los a tempo, borrifando o ar ou envenenando o solo.

Bibliografia:
Lewysohn, Zool, 285ss., 370; Whiting, em: National Geographic Magazine , 28 (1915), 511–50; FS Bodenheimer, Studen zur Epidemologie, Oekologie und Physiologie der afrikanischen Wanderheuschrecke (1930). bibliografia: Feliks, Ha-Ẓome'aḥ, 209.

Jehuda Feliks

Enciclopédia Judaica Feliks, Jehuda

Notemos que conforme explicações da Enciclopédia acima, os termos para designar os quatro estágios de ataque à plantação não se referem à insetos diferentes, mas sim à etapas do desenvolvimento especifico de determinado inseto, ou seja, as quatro fases da vida de um gafanhoto conforme se segue:
Começando após eclosão dos ovos do gafanhoto, numa aparência de larva (Yelek = יֶלֶק )
Depois como ninfa sem pernas saltadoras e sem asas (Chasil = חָסִֽיל)
Depois como adulto incompleto já com pernas saltadoras mas com mini-asas (Gazam = גָּזָם)
Por fim como adulto completo com asas que lhes permitem migrar (Arbeh = אַרְבֶּה)
FASES DE DESENVOLVIMENTO DO GAFANHOTO


Por algum motivo o profeta listou a ordem dos ataques no verso 4 divergindo das etapas naturais de desenvolvimento do gafanhoto, sendo que também seria possível outra ordem começando com o estágio mais desenvolvido que migra em seu ataque inicial e posteriormente põe seu ovos, que mais tarde eclodem dando continuação aos ataques em sequência, mas nenhuma destas ordens foi seguida fazendo-nos deduzir que o profeta por inspiração divina se utiliza de uma ordem de ataques não dos gafanhotos de forma literal mas sim em forma criptografada, oculta fazendo referência a ordem das nações inimigas que num futuro não tão distante dos acontecimentos da época iriam uma após outra devastar a terra de Israel, e os nosso sábios fazem as devidas ligações conforme segue:
Gazam = גָּזָם no sentido de roedor, cortador voraz que não deixa nada de pé, que em sua voracidade come as cascas dos galhos e os esbranquece por falta de nutrientes, que ataca as árvores frutíferas primeiro e depois arrasa o solo, e esta descrição se encaixa perfeitamente à descrição do Império Assírio que primeiramente ataca á Efraim “frutífero” acabando com o Reino do Norte, e que depois com tamanha voracidade acaba com as rotas de comércio de alimentos do reino do sul “esbranquiçando” suas cidades sem nutrientes, e por fim arrasam o solo das cidades atacadas com fogo e sal. Somente a capital Jerusalém com sua fortaleza de grandiosos muros resiste aos ataques dos Assírios que na figura de Senaqueribe faz um cerco de 15 anos.

Arbeh = אַרְבֶּה no sentido de multidão, migrador tem sua estrutura totalmente desenvolvida, com suas grandes asas rapidamente cobre o campo, o ataque é devastador não só pela força de suas mandíbulas que tudo tritura, mas pelo contingente enorme onde a luz do sol até se escurece pela nuvem que se forma, mas apesar de ser grande, o ataque não consome as pequenas ervas e gramíneas por tais não interessar nesta fase do desenvolvimento, notamos que tal descrição se encaixa perfeitamente aos Impérios Babilônico e Medo-Persa, pois ambos formaram os maiores contingentes de ataque da época, adentraram em Judá como uma nuvem, o Templo rapidamente foi saqueado e destruído, os guerreiros do exército de Judá foram rapidamente abatidos no campo de batalha mas não obstante a isso os não guerreiros como os mais pequenos e fracos homens da corte dados ao estudo e ao sacerdócio foram deportados vivos para os cativeiros Babilônico e depois na corte Medo-Persa que na figura de Ciro e Dario permitiram o retorno e reconstrução posteriores de Jerusalém e do Templo.

Yelek = יֶלֶק no sentido de lamber, mamar, drenar, devorar, pois no estágio de larvas o ataque é feito próximo à raiz, primeiro da pequenas gramíneas depois dos arbustos e por fim em árvores maiores, e como o ataque consiste em drenar a seiva o que vai resultar na improdutividade e morte da planta de forma lenta, que quando ficar visível já será tarde para algum contra-ataque dos que cuidam do campo, e assim sem ser visto, o campo vai sendo devorado, e tal “modus operandi” nos leva a fazer a ligação com o Império Greco-Macedônio, que principalmente na atuação de Antíoco IV “Epífanes” na região da Judeia foi visto como devorador, pois além de saquear, sobrecarregar com elevados impostos, incutiu dura perseguição ao modo de vida judaico, indo na raiz da fé judaica que é o estudo e preservação da Torah – Lei de D-us, que por anos foi proibido, com pena de morte aos infratores, a proibição também se deu na identificação do pacto do povo judeu, ou seja, na circuncisão, junte-se tais proibições com a constante helenização (modo de vida grego) e ai temos o cenário ideal para que os pequenos e médios cidadãos da judeia tenham suas raízes atacadas e a sua seiva drenada, e quando os sacerdotes e lideres se aperceberam, os estragos para improdutividade intelectual e morte espiritual já estavam feitos, além do centro da fé judaica também ter sido atacado, tendo em seu altar um porco sacrificado. Mas assim como se livra das larvas no campo com fogo e muito esforço assim também se deu na Judeia, ou seja, na base da força e da resistência armada dos Macabeus os gregos foram rechaçados e o Templo retomado e rededicado (Chanuká) ao Senhor.


Chasil = חָסִֽיל tem o sentido de destruidor, pois neste estágio de transição de larva para ninfa, o gafanhoto precisa de muito nutriente pois muda de exoesqueleto e pele por diversas vezes, o que demanda muito alimento e assim tudo que sobrou do estágio anterior é atacado, tanto as raízes, caule, folhas, frutos e por fim o que está ao chão já em decomposição pode ser usado como fonte de nutrientes, e como nesta etapa são os mais fortes da etapa anterior que sobreviveram, são os mais vorazes e esfomeados que se espalham por todo o campo ainda sem velocidade mas de forma metódica e constante vão dominando e destruindo tudo e é neste sentido que o Império Romano se enquadra na descrição, pois os mais fortes e mais preparados são os que expandem o Império, consumindo todas as fontes de sustento, tributando duramente seu vassalos, paulatinamente se espalhando e dominando, e quando há algum levante ou revolta a resposta é a destruição, e não atoa que no ano 70 D.E.C. depois de rechaçar diversas revoltas judaicas o Tempo por fim foi saqueado, destruído ao ponto de não restar pedra sobre pedra, e no ano de 132 D.E.C. todos os judeus foram escorraçados da Judeia e Jerusalém mudou de nome para Aelia Capitolina sob domínio totalmente Romano com proibição de entrada de Judeus, se dando assim a total destruição da nação de Israel sobre seu território até que em 1948 milagrosamente ressurgiu.

Por Metushelach Cohen

3 comentários:

  1. Sempre fomos ensinados que era uma maldição, pastores ensinam que se não der o dízimo, estes gafanhotos vem sobre as finanças do povo, agora sei que não são gafanhotos, mas um gafanhoto somente.

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  2. Shalom chaver! Gostei muito do estudo. Tanto que utilizei parte dele para um estudo que produzi, se não se importa. Fiz as devidas citações e referenciei na bibliografia ao final.

    Que o Eterno o abençoe.

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  3. Amei. Que o Eterno o abençoe

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